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quinta-feira, 28 março, 2024

Exportação de armas dos EUA para Iraque cresceu 83% desde 2006, porém EI intercepta maior parte, diz relatório

Lauren McCauley | Portland (EUA) | Common Dreams

Dados do SIPRI revelam que o volume de armas enviadas pelos EUA para áreas em conflito aumentou 27% em comparação aos anos 2006 e 2010; já o total no comércio de armas cresceu 14% por todo o mundo

Os Estados Unidos seguem na liderança do comércio de armas e munições no mundo. Levantamento do Stockholm International Peace Research Institute (Instituto Internacional de Estudos sobre a Paz Estocolmo, ou SIPRI, na sigla em inglês) revela que boa parte dos armamentos é enviada para países em conflito, contribuindo para alimentar a violência e desordem global.

O relatório, apresentado em meados de fevereiro, aponta que os Estados Unidos continuam a armar o Iraque com cada vez mais munições, apesar das provas de que essas armas frequentemente acabam nas mãos do inimigo. “Apesar de o Estado Islâmico ter capturado ou destruído muitas armas das forças armadas iraquianas em 2014”, relata o SIPRI, “o fluxo de armas para o Iraque, que começou em 2003, continuou em 2015.” De acordo com a análise, as importações para o Iraque cresceram 83% entre 2006-10 e 2011-

 

O estudo descobriu que os EUA continuam a dominar o comércio mundial de armas, conduzindo 33% do total das exportações entre 2011 e 2015. Enquanto isso, o volume de armas enviadas pelos Estados Unidos para áreas em conflito aumentou 27% em comparação ao período entre os anos 2006 e 2010, com uma ampliação total no comércio de armas em 14% por todo o mundo.

“Conforme as tensões e os conflitos regionais continuam a crescer, [os EUA] continuam a ser o principal fornecedor de armas no mundo por uma margem significativa”, disse Dr. Aude Fleurant, diretora do programa de armas e despesas militares do SIPRI.

De acordo com o organismo, os Estados Unidos venderam ou doaram grandes armas para, pelo menos, 96 Estados nos últimos cinco anos, o que o relatório retrata como um “número significativamente maior de destinos de exportação do que de qualquer outro fornecedor”. Além disso, outra análise do SIPRI, de dezembro, revelou que fabricantes de armas sediados nos Estados Unidos estão lucrando fortemente com essas vendas, colhendo 54% do total da receita global.

No topo da lista das pontas receptoras desses negócios estão diversos aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio. A Arábia Saudita recebeu 9,1% das exportações totais do país entre 2011 e 2015, enquanto os Emirados Árabes Unidos e a Turquia receberam 9,1% e 6,6%, respectivamente.

A Arábia Saudita, que está liderando um ataque apoiado pelos EUA no Iêmen, aumentou suas importações em 275% desde o intervalo anterior de cinco anos, tornando-se o segundo maior importador mundial depois da Índia. O Estado do Golfo é também o destinatário principal de armas do Reino Unido.

O relatório aponta que o ataque militar no Iêmen “foi facilitado pelos altos níveis de importação de armas” de nações ocidentais, apesar das preocupações crescentes de que a coalizão liderada pelos sauditas tenha perpetrado uma série de crimes de guerra e contribuído para os altos números de vítimas civis.

“Apesar de preocupações terem sido levantadas nos países fornecedores de armas a respeito dos ataques aéreos sauditas no Iêmen”, afirma o relatório, “espera-se que a Arábia Saudita continue a receber um grande número de armas desses países nos próximos cinco anos. As armas encomendadas incluem 150 aviões de combate e milhares de mísseis ar-terra e mísseis antitanque dos [EUA], 14 aviões de combate do Reino Unido e um secreto, porém grande número de veículos blindados do Canadá, com artilharia da Bélgica.”

Publicado originalmente em inglês no site Commons Dreams

Traduzido por Jessica Grant

Fonte: Opera Mundi

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