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quinta-feira, 28 março, 2024

É visível a marcha de um golpe midiático, judicial e parlamentar

Mário Augusto Jakobskind

O juiz Itagiba Catta Preta, o tal cidadão claramente defensor de uma saída golpista para o momento atual e que em um primeiro momento sustou a nomeação do Ministro Luis Inácio Lula da Silva, ainda por cima teve coragem de afirmar que não via problema algum em ter participado em Brasília de manifestações contra a Presidente Dilma Rousseff, é um retrato de a quantas anda parte da Justiça no Brasil.

Este juiz ainda por cima promovia no facebook duras críticas contra Dilma e depois de sua ação retirou os comentários. Em instância superior, a ação do Catta Pretta foi anulada, bem como as demais.

Depois disso, um ministro do Supremo Tribunal Federal, conhecido por tomar posições contra o governo, resolveu considerar anulada a nomeação de Lula como Ministro de Estado e remeter o processo de volta ao juiz Sergio Moro, em uma decisão monocrática, ainda sujeita a votação do plenário da instância máxima da justiça brasileira.

Outros fatos que podem ser considerados no mínimo estranhos estão a ocorrer neste instante tenso que o país atravessa. Como em outros momentos da história brasileira nas últimas décadas – agosto de 1954, 1 de abril de 1964, para não falar das tentativas de golpe frustrados, como Aragarças e Jacareacanga, para derrubar o então presidente eleito JK e seu vice João Goulart – hoje, a mídia conservadora, leia-se O  Globo, Rede Globo e seus canais a cabo, revistas Veja e Época,  O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, entre outros espaços midiáticos – não escondem o jogo de apoiar a desestabilização do governo eleito em outubro de 2014. Repetem grosseiramente posições com editoriais e matérias tendenciosas e quando questionados repetem mentirosamente que são “imparciais” e vão continuar fazendo o que fazem, como disse nestes dias o âncora do Jornal Nacional, William Bonner.

Os espaços mencionados não têm feito jornalismo e se comportam como partido político em defesa de valores conservadores e não democráticos. Tentam fazer cabeças manipulando informações. Na verdade, vale sempre repetir, misturam alhos com bugalhos, ou seja, confundem deliberadamente liberdade de empresa (a deles) com liberdade de imprensa.  Preferem ignorar que uma coisa é uma coisa, outra é outra coisa. E agindo assim tentam enganar incautos na defesa de seus interesses.

Os últimos acontecimentos demonstram também como seria importante que no Brasil a democratização dos meios de comunicação estivesse em vigor. Em outras palavras, como seria importante que os brasileiros fossem informados sem manipulações de nenhuma espécie, como acontece neste momento.

O esquema golpista em andamento no Brasil mereceu atenção no exterior. O Presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez solicitou que a Unasur (União das Nações Sul Americanas) se posicione em favor de Dilma Roussef, ou seja, em favor da legalidade e contra a tentativa golpista no Brasil. E isso para não falar também no posicionamento de figuras conhecidas mundialmente, entre os quais o magistrado espanhol Baltazar Garzon, o escritor cubano Leonardo Padura, o jornalista Ignácio Ramonet, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel em defesa do ex-presidente e atual Ministro chefe da Casa Civil, Luis Inácio da Silva por estar sendo vítima de um verdadeiro linchamento moral.

Tabaré Vasquez quer na prática que a Unasur se posicione contra o esquema golpista midiático, judicial, parlamentar em andamento por estas bandas.

Mas por aqui tais informações não foram quase divulgadas pela grande mídia, ao contrário do que aconteceu com um editorial ofensivo do jornal The New York Times contra a Presidenta Dilma Rousseff por nomear Luis Inácio Lula da Silva como Ministro.

E as gravações que estão sendo divulgadas a todo o momento pelos mais diversos canais de televisão e rádios? Em matéria de grampos, o fato atual lembra a denúncia feita pelo jornalista responsável pelo site Wikleaks, Julien Assange, e pelo ex-agente da CIA Edward Snoden sobre grampeamento ilegal de presidentes e primeiros-ministros em várias partes do mundo, nele incluídos Dilma Rousseff.

O juiz Sergio Moro, que já fez curso especial no Departamento de Estado norte-americano, hoje considerado “herói” pela classe média que sai às ruas pedindo até a intervenção militar, divulgou conversas telefônicas de Lula, inclusive com Dilma Rousseff, se julga um cidadão acima de qualquer suspeita e já disse considerar absolutamente legal a tal divulgação. Pergunta-se: em que país do mundo um juiz tornaria pública uma conversa telefônica com um Presidente da República?  O que aconteceria?

Qual foi o objetivo de Moro? Favorecer uma convulsão social?  Será que este cidadão tudo pode? Nesta altura dos acontecimentos, pode-se concluir que não é à toa a preocupação de Tabaré Vasquez com os acontecimentos no Brasil, que podem levar à quebra da legalidade e influenciar negativamente outros países latino-americanos.

Resta agora aguardar o desenrolar dos acontecimentos e esperar que a história não se repita como farsa, desta vez, ao que parece, sem os militares, como em 1964. Nesse sentido, vale mencionar a fala do General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, em um simpósio jurídico no Comando da Amazônia, ao classificar como “lamentável” o clamor por intervenção militar de manifestantes que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff.

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