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sexta-feira, 29 março, 2024

“A legalidade nos mata”, dizem os golpistas na caçada ao Lula

Jeferson Miola
A antecipação forçada do julgamento do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal [TRF4] é um movimento tático que poderá definir a dinâmica política do próximo período.
O objetivo estratégico da oligarquia golpista é evitar a vitória do Lula no pleito de 2018 a qualquer custo, porque a eleição dele poria fim ao golpe e ao regime de exceção.
O golpe, com sua selvagem agenda anti-povo e anti-nação, não foi empreendido para durar pouco tempo; ainda resta muito para colonizar e pilhar por completo o país.
Todas as alternativas eleitorais testadas pelo establishment para continuar o golpe mostraram-se, todavia, infrutíferas.
Nenhuma candidatura mostra-se capaz de derrotar Lula se a eleição de 2018 for limpa e democrática e transcorrer no marco de verdadeira legalidade.
Testaram tudo, e nada surtiu efeito favorável aos seus objetivos: desde figuras burlescas como Luciano Huck e João Dória, até personagens manjados da direita, extrema-direita e das linhas-auxiliares do reacionarismo – Alckmin, Bolsonaro, Marina etc.
Todas as pesquisas eleitorais confirmam a hipótese de eleição do Lula já no primeiro turno. Quanto mais a Rede Globo e a Lava Jato o agridem, e quanto mais cristalinos ficam os terríveis prejuízos do golpe, maior é a esperança popular no retorno do Lula para salvar o Brasil.
Ante a inexistência de opção legal e eleitoral do bloco dominante para continuar o golpe e o regime de exceção, a oligarquia decidiu partir para a fase 2 do golpe, com a impugnação da candidatura presidencial do Lula.
Em 1871, diante dos avanços da Comuna de Paris, o então primeiro-ministro de Luiz Bonaparte, Odilon Barrot, declarou guerra à insurgência popular e ao avanço daquela pioneira experiência de organização comunal.
Para aniquilar a Comuna de Paris, o liberal-burguês Odilon Barrot não hesitou em declarar que “a legalidade nos mata!”.
Fez isso para justificar o uso de dispositivos inexistentes na Constituição da França para atacar ilegitimamente o povo organizado em barricadas e destruir a primeira experiência de organização social comunista e auto-gestionária da história.
Era preciso, na visão de Barrot e da classe burguesa francesa, empregar todos os meios ilegais para asfixiar a soberania popular e destruir a revolta social. Mesmo que para isso fosse necessário infringir as normas do Estado de Direito liberal-burguês, instituídas por ela própria, a burguesia nascente.
A democracia, como se vê, tem valor meramente formal e circunstancial para a burguesia, uma classe atavicamente golpista quando sente ameaçados seus interesses; ao passo que, para a esquerda, a democracia é um valor estratégico, é a base constitutiva para o convívio humano livre, plural e civilizado.
Com o banimento do Lula da eleição de 2018, a oligarquia golpista aposta que não deverá haver comoção social ou revolta popular diante da brutalidade jurídica desfechada contra o maior líder popular da história do Brasil.
É uma aposta arriscada que, de qualquer modo, encontra na literatura sociológica e antropológica do Brasil fundamentos que amparam esta tranquilidade criminosa dos dominadores.
O povo argentino, mobilizado nos últimos dias contra a tentativa de reforma previdenciária do também ultra-neoliberal e pró-capitais Maurício Macri, gritava: “Isto aqui não é o Brasil!”.
Já é passada a hora do povo brasileiro ser menos cordial, menos gentil e menos educado com a selvageria desta classe dominante canalha e escrava dos interesses das metrópoles estrangeiras.

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