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sexta-feira, 29 março, 2024

A radiografia do golpe no Brasil

Um conluio entre congresso, judiciário, setores econômicos, mídia, midiotas, BRICS, o dedo dos EUA e a incompetência do PT.

Valter Xéu*
Logo após a primeira vitória de Dilma, substituindo Lula, setores da direita no Brasil começaram a desenhar um golpe no sentido de barrar a ascensão do PT que com os oito anos de Lula e mais quatro de Dilma e provavelmente mais quatro de uma segunda eleição, se somaria um total de 16 anos, ainda contando com a provável volta de Lula com uma eleição em 2018 e uma provável reeleição em 2022, o que poderia se configurar em 24 anos de mando petista, ou seja, quase um quarto de século no poder.
Por tradição, a elite brasileira sempre se posicionou-se contra as decisões governamentais de favorecimentos as classes populares, como facilidades para entra em uma universidade, sistema público de (saúde (SUS), programa como o bolsa família e a minha casa minha vida. Médicos, que por certo esvaziou junto com o SUS os consultórios médicos particulares, todos eles dominado por uma elite burguesa.
O PMDB
 O partido apesar de ser o maior, nunca conseguiu eleger um presidente pelo voto direto e quando teve um, foi o Sarney, vice de Tancredo que veio a falecer antes da posse cuja eleição se deu pela via indireta.
De lá para cá o PMDB sempre amargou a ser um partido de base de sustentação ao governo, com indicações de vários ministérios e estatais endinheiradas.
No governo Dilma o PMDB tanto no primeiro quanto no segundo mandato, chegou à vice-presidência e daí começou a acelerar um processo que lhe permitisse chegar de fato ao poder de comando do País.
Para isso se alinhou com os setores econômicos, com o judiciário onde existe uma seria de acusações de corrupção contra membros do partido, com a mídia e com forças externas tipo os EUA que nunca viu com bons olhos países fortes e independentes na América Latina.
A CRISE ECONOMICA
Desde a posse de Dilma no segundo mandato que o Congresso (Câmara e Senado) procurou de todas as maneiras engessar o governo eleito democraticamente com mais de 54 milhões de votos, não aprovando nenhuma das medidas enviadas ao parlamento no sentido de fazer frente a uma crise econômica que já vinha tirando o sono de vários países do mundo.
Com o apoio dos outros partidos como o DEM, PPS, PP, o evangélico PRB e PSDB todos passaram a fustigar o governo sendo que o PSDB teve o seu candidato Aécio Neves derrotado por Dilma, eles juntara-se ao PMDB e daí por diante começaram a desfilar um rosário de acusações contra o partido dos trabalhadores como corrupção na Petrobras e etc.
Corrupção na maior estatal do país existe desde a sua fundação por Getúlio Vargas, sendo que no governo foi no próprio governo do PSDB com Fernando Henrique Cardoso eu a maioria dos acusados de corrupção foram nomeados.
Os partidos da oposição e ate mesmo os da base aliada ao governo, procuraram de todas as maneiras fomentar uma situação em que pudessem retirar do cargo a presidente eleita e ai fizeram alianças com o judiciário, e setores financeiros que não viam com bons olhos as ações do governo pra a valorização dos trabalhadores, como carteira assinado para as empregadas domesticas e etc.
O governo do PT desde que chegou ao poder desaprendeu a dialogar com as massas e também não fez nenhuma ação de organiza-las para uma eventual queda de braço com a elite burguesa e de direita no país, como fez Chávez na Venezuela que organizou as massas menos favorecidas e sempre que a direita vai para as ruas protestar contra Maduro, as massas chavistas vão para as ruas em defesa do governo.
No Brasil o governo do PT entregou a sua comunicação a jornalistas ligados a Globo como Helena Chagas que era da equipe do Jornal Nacional ou figuras da revista Veja, pois assim acreditava que teria uma certa paz desses veículos e o que se viu foi justamente o contrário.
O governo errou em não mostrar para o povo brasileiro que a crise aqui era uma crise criada e manipulada para enfraquecer o governo e levar o país ao caos forçando uma renúncia da presidente ou até mesmo um golpe como realmente foi feito.
Criram uma assombração com os 11 milhões de desempregos como se isso fosse de responsabilidade total do governo e não da conjuntura internacional e das ações do juiz Sergio Moro empastelando as principais empresas de construção civil o que provocou a demissão de centenas de milhares de trabalhadores.
Bastava o governo apresentar alguns dados para desmascarar esta afirmativa. Por exemplo, a Espanha que tem 46 milhões de habitantes tem mais de dez milhões de desempregados, o Brasil com uma população de 200 milhões tem 11 milhões e perguntar quem está em pior situação?
Outros países com a Grécia, Itália, França, Portugal, e o próprio EUA estão passando por serias crises econômicas, sendo que os norte-americanos estão a provocar conflitos pelo mundo no sentido de alimentar a venda de armamentos das suas inúmeras empresas.
O PT se omitiu e cada vez mais a mídia fortalecia a ideia de que lá fora era um mundo maravilhoso e que o inferno era aqui, apesar de nenhum banco ter quebrado e nenhuma grande empresa ter sido fechada.
MORO E A CONSTRUÇÃO CIVIL
No Brasil a construção civil sempre foi o maior empregador e ai entrou o papel do Moro.
Esse juiz cujo pai foi presidente do PSDB no Paraná, a mulher dele é advogada da Shell e ele muito simpático aos Estados Unidos, começou a incriminar os executivos das grandes empreiteiras como Odebrecht, OAS, Camargo Correia e outras. A todos arrumou um jeito de condenar os seus principais executivos, levando todos a cadeia de onde saiam e sai através de delações premiadas onde tenta chegar a Dilma e Lula.
Moro engessou as empreiteiras que tiveram que para as obras que estavam acontecendo e ficaram proibidas de assinarem qualquer contrato com o governo e a elas não restou alternativa a não ser demitir milhares e milhares de pessoas o que de certa forma atingiu em cheio as empresas fornecedoras que também tiveram que demitir e daí chegou facilmente a esse número de 11 mulheres de empregados.
Com o empastelamento das empresas construtoras brasileiras, se deu o avanço das empresas norte americanas no Brasil, sendo que elas também participaram de doações de campanha a políticos, mas o juiz Moro preferiu desconhecer isso. Elas que sempre perdiam concorrências no Brasil e pelo mundo para as empresas brasileiras, agora com a ajuda do Moro estão livres para atuarem no Brasil e no exterior.
Essa facilidade as empresas norte americanas e a anglo holandesa Shell, levou Moro a ser homenageado pela Revista Times como uma das personalidades mundial do ano.
JUDICIÁRIO
O judiciário é parte do golpe, e está a postos para não aprovar nenhuma solicitação do governo Dilma e arquivar qualquer denúncia contra membros dos partidos golpistas. Seis ações enviadas ao supremo pelo ministro Janot contra o senador Aécio Neves, candidato do PSDB a presidência da republica e derrotado por Dilma. As ações caíram todas em mãos do ministro Gilmar Mendes que as arquivou.
A Ministra Rosa Weber é tia da mulher do Aécio Neves e junto com Gilmar Mendes estão sempre a criar situações para incriminar o governo petista e arquivar as denúncias contra os golpistas.
O supremo barrou a indicação de Lula para Ministro da Casa Civil, alegando que ele estava sendo investigado pela Lava Jato, mais esse mesmo supremo não barrou os sete ministros indicados por Temer que também como Temer, estão sendo investigados pela Lava Jato.
TIRAR LULA DA DISPUTA
A elite burguesa e conservadora do país teme que Lula possa ser candidato em 2018, e que seria imbatível e assim procuram a todo custo uma maneira de prender o ex-presidente, que mesmo livre, mas impedido por alguma acusação e com a “ficha suja”, Lula não poderia se candidatar, mas fora da prisão, quem ele apoiasse, com certeza ganharia as eleições e isso faz tremer a elite burguesa e a própria Rede Globo de televisão cujo contrato de concessão da TV vence em 2018 e por pressão popular com Lula no poder ou alguém que ele apoiou possa revogar a concessão.
Visando se proteger de problemas futuros em relação à renovação da concessão, a Rede Globo esta empregando filhos de ministro do Supremo no sentido de ter a proteção daquele poder.
O Juiz Moro trabalha diuturnamente no sentido de atingir Lula com as “delações premiadas”, que mesmo sem as devidas comprovações, poderia incriminar Lula na base das “evidencias” como aconteceu com o ex-ministro e líder petista José Dirceu que foi condenado há 20 anos sem provas concretas, simplesmente porque o juiz entendeu que ele sabia e participava de tudo que acontecia na Petrobras, já que abaixo do presidente Lula, era o homem mais importante do governo.
As ameaças de prisões a figuras do PMDB, não passa de uma armação para o judiciário mostrar que a justiça é para todos e não para um grupo seleto que é o que vem acontecendo principalmente com membros do PSDB que estão em todas as delações e até agora nenhum foi preso e muito menos chamado para depor.
Na tentativa de levar Lula coercivamente para depor, há alguns meses atrás, os golpistas sentiram que o país pode entrar em convulsão e assim, vem preparando a população para uma provável prisão do ex-presidente, que seria a maneira de retira-lo da cena politica de 2016 nas eleições municipais agora em outubro e na presidencial em 2018.
Lula é o cara que incomoda.
BRICS
Existe por parte dos Estados Unidos o interesse em desestabilizar todos os países que fazem parte dos BRICS.
Os americanos ver no grupo formando pelos cinco países, uma ameaça a sua economia no mundo, pois os BRICS tem a metade da população do planeta e representa 46 por cento da economia mundial com a Rússia e a China fazendo negócios sem usar o dólar e assim, segue alguns países.
Os Estados Unidos estão a semear conflitos em várias partes do mundo o que de certa forma, movimenta a sua economia e assim, age para desestabilizar os países que formam os BRICS. Esta a vista os problemas que estão criando com a Rússia, África do Sul (tentaram um impitima para derrubar o presidente), financiaram manifestações em Hong Kong de estudantes contra o sistema de eleição do administrador, e se espera que a qualquer momento exploda um conflito entre Índia e Paquistão.
No Brasil algumas entidades norte-americanas como a Fundação Ford e a Fundação Rockfeller, usando ONGS de fachada, injetaram milhões e milhões de dólares em grupos como MBL liderado por um descendente de japonês.
Esse grupo com ajuda norte americana, tratou de aliciar jovens brasileiros de classe média que foram para as ruas engrossar os protestos contra Dilma.
No governo golpista já está em andamento um projeto no senado em entregar de vez a exploração do Pre-Sal para grupos estrangeiros liderados pela Chevron e Shell, como existe também ações no sentido de privatizar o banco do Brasil e a caixa econômica, duas centenárias instituições financeiras muito presente na vida dos Brasileiros.
DIFICIL RETORNO DE DILMA
No senado, basta apenas que do universo de 81 senadores, 41 já seriam suficientes para aprovar o Impeachment da presidente. Hoje se contabiliza cerca de 60 votos contra Dilma. Até mesmo o PT tem consciência de que não retorna ao poder e talvez resida ai a falta de mobilização do partido para o retorno dela.
Somente com as manifestações de ruas não será suficiente para lhe devolver o cargo. As forças trabalhistas e sindicalistas teriam que decretar uma greve geral e uma mobilização nacional no sentido de parar o país e daí ganhar as ruas em protestos, cercando o congresso e o supremo.
O DESGASTE DE TEMER
Temer como presidente interino nomeou sete ministros investigados pela Lava Jato. Ele também é denunciado em varias delações de executivos presos como recebedor de dinheiro desviado da Petrobras e de empresas ligadas a estatal do petróleo.
Do governo interino, três ministros já tiveram eu deixar o cargo por conta de vazamentos de delações que correm em segredo de justiça onde várias denuncias circulam afirmando que o PMDB recebeu dinheiro para a campanha politica.
Um detalhe.  Todos os denunciantes foram indicados ao cargo pelo PMDB de Temer.
Alguns analistas acreditam que a segunda parte do golpe está em marcha, que é a cassação de Eduardo Cunha pela Câmara e de Renam Calheiro no Senado todos envolvidos em denúncias de corrupção, contas secretas em bancos suíços e em paraíso fiscais.
Com os principais quadros do PMDB fora do poder, o presidente interino ficaria sem forças para governar, e ai o congresso pela via indireta, elegeria um novo presidente que seria o paulista do PSDB José Serra, hoje ministro das relações exteriores.
Serra por duas vezes tentou pela eleição direta ser eleito presidente da república e em ambas foi derrotado, uma por Lula e outra por Dilma.
*Valter Xéu é diretor e editor de Pátria Latina e Irã News
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