Nações Unidas, 26 out (Prensa Latina) Agências do sistema das Nações Unidas apresentaram os efeitos do bloqueio estadunidense contra Cuba em um relatório dirigido à Assembleia Geral, órgão que hoje se pronuncia sobre esse cerco oficializado em 1962.
Mais de 30 entidades enviaram suas considerações ao secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, que elaborou um relatório a propósito da vigésima-quinta votação na Assembleia de um projeto de resolução sobre a necessidade de levantar o cerco econômico, comercial e financeiro imposto à ilha, mantido por 10 presidentes norte-americanos.
Uma boa parte das agências alertaram, em suas considerações, ao impacto do bloqueio no setor que atendem e em seus programas de cooperação com a ilha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu as conquistas da maior das Antilhas na atenção médica a seus cidadãos, ao mostrar indicadores comparáveis com países industrializados, apesar da vigência das sanções estadunidenses.
Em seus comentários ao Secretário Geral, advertiu que o cerco dificulta o acesso a produtos, equipamentos e tecnologias essenciais para a saúde humana.
A OMS também questionou a política de Washington destinada a promover o roubo de cérebros, ao incitar médicos cubanos que cumprem missão no exterior a abandonar.
Por sua vez, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lamentou as dificuldades que o bloqueio representa para as crianças da ilha, principalmente nos setores de saúde e educação.
A agência especializada usou como exemplo os problemas no Cardiocentro Pediátrico William Soler, em Havana, para obter materiais biológicos de implante cardíaco de ótima qualidade.
Enquanto no campo do ensino, destacou os obstáculos para adquirir livros, equipamentos de laboratório e computadores.
Já a Organização de Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) descreveu o impacto do bloqueio dos Estados Unidos nessas áreas.
Cuba não pode aproveitar seu potencial exportador para seu vizinho do norte, o que aumenta os custos para chegar a mercados muitos mais distantes, afetando sua renda e portanto a capacidade de comprar comida e outras matérias-primas, explicou.
A FAO refletiu em seu relatório os problemas da ilha em relação ao acesso a maquinaria, fertilizantes e outros produtos, boa parte deles fabricados só nos Estados Unidos, necessários na agricultura e na pesca.
Com respeito ao cenário econômico, a Comissão Econômica para América Latina (Cepal), enfatizou que o bloqueio continua plenamente vigente e seus efeitos limitam o crescimento da maior das Antilhas.
Nesse sentido, explicou que na prática Cuba continua sem poder utilizar o dólar estadunidense em suas transações, apesar da Casa Branca ter anunciado essa possibilidade em março.
As multas impostas a bancos de terceiros países geram temor às operações com o país caribenho, disse.
Outras agências do sistema da ONU contribuíram com o relatório do Secretário Geral para a Assembleia sobre o impacto do cerco de Washington, entre elas o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Unesco e a Organização Mundial do Turismo, que destacou a proibição a que estadunidenses viajem como turistas à ilha.
Várias entidades comemoraram a aproximação entre Cuba e Estados Unidos e os pacotes de decisões executivas do presidente Barack Obama para modificar o bloqueio.
Além das agências, quase 160 governos em sua capacidade nacional responderam à solicitação de Ban Ki-moon, a maioria para criticar as sanções unilaterais à ilha e adiantar seu apoio ao projeto de resolução a ser votado hoje pela Assembleia Geral.
Por vigésimo-quinto ano consecutivo, desde 1992, o principal órgão deliberativo da ONU analisa um texto que exige o levantamento do bloqueio, os 24 anteriores aprovados de maneira categórica.
Em outubro de 2015, a iniciativa recebeu 191 dos 193 votos possíveis (só se opuseram Estados Unidos e Israel).