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sexta-feira, 26 abril, 2024

As elites e a educação universitária nos Estados Unidos

Havana, 15 mar (Prensa Latina) Um esquema de fraude para o acesso às universidades dos Estados Unidos revelado esta semana, onde primam os enganos, o suborno e as mentiras, sacode hoje o país.
A fraude é o maior de seu tipo jamais processada, disseram os promotores federais citados pela rede CNN, e envolve 50 acusados em seis estados, milhões de dólares em fundos canalizados ilegalmente e um punhado das universidades mais seletivas do país.

Cerca de 50 pessoas foram acusadas no caso. Os presos incluem dois administradores de SAT/ACT, um supervisor de exames, nove treinadores em escolas de elite, um administrador da universidade e 33 pais, segundo investigadores.

As políticas fraudulentas que apontam às chamadas universidades de elite no sistema educativo estadunidense são abordadas agora em diferentes denúncias que evidenciam que o dinheiro abre as portas aos ricos com baixos rendimentos enquanto os pobres não chegam às suas portas apesar da excelência de seus resultados.

Por exemplo, cita BBC Mundo, ainda faltam quatro anos, mas mais de 43.300 estudantes aplicaram já para entrar em Harvard em 2023. Mas, acrescenta, a prestigiosa universidade só terá espaço em suas aulas para pouco mais de 1.600 deles, menos de 3,7 por cento dos aspirantes.

O mesmo ocorre com Yale, Princeton, Georgetown e Stanford, os centros elites nos quais a admissão só está garantida com o signo do dólar na frente.

Segundo um informe da Associação Nacional de Conselho Universitárioa (Nacac) dos Estados Unidos, cerca de 80 por cento das universidades do país aceitam mais da metade de seus postulantes, mas nas escolas mais renomadas a história é outra.

Entrar nestas universidades implica para muitos aspirantes e familiares anos de esforço e sacrifícios mas as barreiras existentes são difíceis de sortear, não importa que chegue com qualificações de excelência, pois ali primam outros parâmetros.

Nesta semana um grupo de estudantes da Califórnia apresentou uma demanda contra oito prestigiosas casas de estudo e acusou-as de não fazer um processo justo de admissão.

Aflorou o problema que mostra o escândalo de subornos para que filhos de milionários e estrelas de televisão entrem nas universidades de elite como Yale ou Stanford, sem descontar que alguns filhos de políticos milionários conseguiram seu rendimento graças a sobrenomes e donativos.

Segundo BBC Mundo, Yale, Stanford, Georgetown, a Universidade do Texas, a do Sul da Califórnia, a de Wake Forest ou a da Califórnia em Los Angeles foram só algumas das instituições salpicadas pelo esquema de corrupção.

Para analistas e observadores foi uma nova constatação de como as pessoas mais ricas procuram diferentes formas para colocar seus filhos em algumas das universidades mais renomadas dos Estados Unidos.

Para Richard Reeves, analista de Brookings Institution, um ‘tanque pensante’ com sede em Washington, isto é parte de um problema maior: a obscura e complexa malha das admissões às universidades dos Estados Unidos.

Ainda que nos papéis o rendimento na maioria das universidades de elite não seja muito diferente, em princípio, a de qualquer outra, por trás disto há uma complexa malha onde o dinheiro abre muitas portas e também fecha-as aos pobres.

A BBC Mundo acentua que algumas universidades procuram que os que tentam ingressar ofereçam algo ‘mais lá de suas boas qualificações’.

Em seu livro The Diversity Bargain, a investigadora Natasha Warikoo assegura que os mecanismos para admitir estudantes nas universidades de elite dos Estados Unidos favorecem que seja os filhos das pessoas mais ricas que tenham mais possibilidades de classificá-las.

Ex-presidentes norte-americanos como George W. Bush ou John F. Kennedy, ambos filhos de graduados de Harvard, foram admitidos nessa universidade ainda que suas médias de qualificações não eram as melhores precisamente.

As investigações, também, revelam elementos sobre as doações o que faz com que os mais ricos sejam favorecidos nas universidades de elite.

Isto toca de perto também o atual governo, pois por exemplo, Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump, estudou em Harvard pouco depois de seu pai doar 2,5 milhões de dólares a esse centro, ainda que suas notas não fossem boas.

O divulgado até agora, segundo o Departamento de Justiça, é o maior escândalo de fraude na história estadunidense, onde os ricos estão amparados por suas leis e os pobres deixam seus anseios e esperanças muito próximo dos centros universitários exclusivos.

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