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quarta-feira, 17 abril, 2024

ÀS RUAS! ÀS RUAS! MAS QUEM VAI À RUA?

A Revolução Francesa é um marco histórico do povo nas ruas. Passou a ser um sinônimo de democracia, da voz dos que não frequentam os salões do poder e expressão de luta para conquistas populares. Teria sido? Será sempre assim?

Jorge Manrique (1440 – 1479), das glórias do renascimento espanhol, escreveu célebre poema que assim conclui:
            “los males vienen corriendo;
            después de venidos, duran mucho más”.
Pedro Augusto Pinho*
Voltamos, se em algum momento saímos, à nossa crise política. Comecei a me inteirar da política brasileira, ainda jovem adolescente, com o suicídio de Getúlio Vargas. Tenho visto poucos dirigentes políticos, e menos ainda em outros planos dos governos, com dignidade e compreensão do que lhes cabia fazer. Uns eram absolutamente apalermados, passavam pelos cargos sem qualquer noção de suas responsabilidades com o País e seu povo. Temos agora este exemplo, mas nesta história que começa em 1954 vi outros fantasmas.
Diria que fomos realmente dirigidos pelo interesse nacional por exceção. E sem radicalismo político ou ideológico. Cito, desde logo, dois exemplos de dirigentes cônscios de seu encargo: Ernesto Geisel e Leonel Brizola.
Mas a situação, não só brasileira como mundial, com a velocidade que a consciência política das populações permite ter, mudou radicalmente desde meados de 1980. Fixo o ano 1990 para o que denomino “domínio da banca”, pois a potência que poderia lhe fazer frente fora eliminada: a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Dois verdadeiros criminosos, Margaret Thatcher e Ronald Reagan, à frente de economicamente poderosos impérios, impuseram as leis do sistema financeiro internacional, que ora é chamada “nova ordem mundial” (não acho que seja nem nova nem ordeira), ora neoliberalismo (apenas o sentido econômico), assim prefiro, como coca-cola, um nome de fantasia: a banca.
Pelas leis da banca tudo é possível, desde que lhe dê ganho. E a corrupção é sua moeda mais usual, afinal grande parte de seus recursos vem dos ilícitos e de crimes. Não tivesse a banca, as ilustres famílias dos Rothschild, dos Rockefeller, dos Morgan, das famílias reais inglesa e holandesa entre outras, como suas gestoras, e como grandes contribuintes máfias das drogas, do tráfico de pessoas, de armas e os sonegadores – pessoas físicas e jurídicas –, dentre outros, pelo mundo.
A banca dominou a informação e a comunicação, assim é muitas vezes difícil saber se o que nos chega ao conhecimento são ardis ou fatos. Veja-se por exemplo as “Primaveras Árabes”; de início pareciam uma explosão popular contra regimes opressores, chegaram a insinuar suas ocorrências em paraísos da banca como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes ou Kuwait. Por fim,  serviram para expandir o domínio da banca em áreas de ditaduras com laivos nacionalistas. Já sabemos que para a ditadura da banca, que almeja ser global (globalização), o nacionalismo é um inimigo a ser atacado diuturnamente.
A banca comprou as academias, veja, por exemplo, que o ex vice-diretor geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), ex Presidente Executivo do bilionário fundo de investimentos da Califórnia – PIMCO, conselheiro da seguradora alemã ALLIANZ, cronista do Bloomberg View, M. A. El-Eriam, é também chefe executivo do orçamento da Universidade de Harvard. Assim, grande parte do que sai com aval acadêmico, na realidade, é matéria publicitária da banca.
No domínio da comunicação social, da comunicação de massa, hoje é difícil encontrar uma rede de televisão ou de rádio, um jornal de grande tiragem ou uma revista econômica e de “assuntos gerais” que não esteja a serviço da banca e conduza suas campanhas políticas e interesses econômicos e financeiros. As recentes eleições nos Estados Unidos da América (EUA) e na França foram exemplos irretocáveis da unanimidade da “grande imprensa” a favor dos candidatos da banca e na difamação e combate a seus opositores.
Vimos aqui no Brasil que um movimento contra o aumento da passagem nos transportes públicos municipais, em 2013, foi transformado numa campanha contra o governo federal (!), pelo uso competente da televisão e dos jornais a serviço da banca. Ora, o que estava ocorrendo? A redução da taxa de juros fixada pelo Banco Central (taxa SELIC), desde março de 2012 até março de 2013. E, após aquela “primavera das tarifas de transporte”, as taxas SELIC voltaram a crescer.
Estamos diante de nova crise provocada por governantes –  em todos os poderes da República, é importante fixar este fato: seja pela corrupção, seja pela ignorância ou seja pela falta de sentimento do dever para a Nação e seu povo. Pede-se então: todos às ruas.
No sentido figurado de exigir a manifestação popular, de todos os brasileiros serem ouvidos e se manifestarem paritariamente sobre o destino do País, nada mais correto e necessário. Mas eu pergunto, com a tristeza de Jorge Manrique, quem conduzirá, efetivamente, esta manifestação? Novamente o sistema Globo, sabidamente antinacional, ardente propagandista da banca, e seus caudatários congêneres? A banca comprando manifestantes, com carros de som e coxinha de frango? Ou marginais chantageando comerciantes?
Precisamos ter disciplina e coordenação, que não se disperse em querelas secundárias, antecipando disputas políticas de grupos e partidos. Temos que ter grandeza. Saber que inimiga é a banca, cujo fim é despedaçar nosso País, ter o domínio, direto ou indireto, sobre todas instituições brasileiras. Eliminar este inimigo externo que se infiltrou entre nós é a prioridade. Portanto, conscientemente, sabendo o que e quem combatemos, vamos às ruas, manifestemos nossa vontade de ter novamente o Brasil brasileiro.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.

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