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sexta-feira, 29 março, 2024

Cuba exige fim do bloqueio, Obama se compromete, mas não define prazo

Depois de quase três horas de reunião, em encontro histórico, os presidentes de Cuba e Estados Unidos, Raúl Castro e Barack Obama, respectivamente, fizeram declarações à imprensa. O chefe de Estado cubano exige o fim do bloqueio econômico e a devolução do território ocupado de Guantánamo. O mandatário norte-americano se comprometeu em defender a liberdade da ilha junto ao congresso dos Estados Unidos, mas afirmou que “levantar o bloqueio de mais de 50 anos não se faz da noite para o dia”.
Foto: Reuters

Para Raúl Castro a postura de Obama é “positiva, mas insuficiente”

Raúl Castro declarou que as medidas adotadas pelo governo dos EUA no processo de reaproximação entre os dois países “são positivas, mas insuficientes”. “Muito mais poderia ser feito se o bloqueio dos EUA fosse revogado. Nós reconhecemos a posição do presidente Obama e seu governo contra o bloqueio, e seus seguidos apelos ao Congresso para removê-lo. As medidas mais razoáveis adotadas por seu governo são positivas, mas insuficientes”, disse.

Evasivo, Obama prometeu que o bloqueio vai terminar, mas não sabe precisar quando exatamente e justificou que esta medida requer maioria de votos no Congresso e no Senado dos Estados Unidos. Cada vez que os jornalistas o questionavam sobre as medidas a serem tomadas para o fim do bloqueio, o presidente respondia com menções aos avanços que já foram alcançados até agora.

Segundo Raúl Castro, o povo da ilha espera “um novo tipo de relacionamento, que nunca existiu antes” entre os dois países. E ressaltou o quanto pode ser difícil esta reaproximação: “destruir uma ponte pode ser de fácil e rápida execução. Sua sólida reconstrução pode ser um longo e difícil esforço”.

Outra exigência da ilha, além do fim do bloqueio, é que os Estados Unidos devolvam o território ocupado ilegalmente pela base militar de Guantánamo. Prisão norte-americana constantemente acusada de graves violações dos direitos humanos. Para o presidente cubano, a normalização das relações entre os dois países depende também da resolução deste capítulo.

Os dois presidentes destacaram as diferenças agudas entre os dois países que também devem ser consideradas em meio a este processo de reaproximação. Para Obama, as diferenças “continuam presentes”, mas reconheceu o avanço social e cultural de Cuba.

Raúl, por sua vez, afirmou as diferenças não deixarão de existir por que são “ideias diferentes em vários assuntos como sistemas políticos, democracia, o exercício de direitos humanos, justiça social, relações internacionais e paz mundial e estabilidade”. “Acreditamos que os direitos civis, políticos, econômicos e culturais são indivisíveis e interdependentes”, disse.

O presidente cubano encerrou seu discurso mencionando a nadadora norte-americana Diana Nyad, que em 2013 aos 64 anos, após diversas tentativas, conseguiu se tornar a primeira pessoa a nadar de Cuba à Flórida, em um trajeto de cerca de 180 km, sem a ajuda de uma jaula para se proteger de tubarões. “Se ela conseguiu, nós também podemos conseguir”, afirmou Raúl.

O processo de reaproximação diplomática e econômica entre Havana e Washington já dura 15 meses e resultou na reabertura das embaixadas nos dois países em julho de 2015 e em uma série de acordos firmados, como o que restabeleceu voos comerciais e um serviço postal direto. A viagem de Obama a Cuba, a primeira de um presidente norte-americano em 88 anos, foi anunciada no mês passado.

Paz na América Latina e respeito à Venezuela

Além da relação bilateral, os presidentes também conversaram sobre temas internacionais, particularmente sobre a paz e estabilidade na América Latina. Neste aspecto, Raúl destacou a preocupação do governo cubano com as tentativas de desestabilização impulsionadas na Venezuela e afirmou que tais medidas são inconvenientes para o continente.

A questão dos Diálogos de Paz da Colômbia, que se desenvolvem em Cuba desde 2012 a fim de encerrar o conflito que já dura mais de 50 anos também foi pauta da reunião.

Do Portal Vermelho, Mariana Serafini, com agências

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