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quinta-feira, 28 março, 2024

Destruir conquistas sociais = extinguir direitos civis. Argumento furado de Azedo acelera crise

CABEÇA COLONIZADA PELO CAPITAL ESPECULATIVO INTERNAC IONAL

O pensamento conservador de Azedo é adequado aos interesses do capital financeiro especulativo que se empenha, em meio ao golpe político contra Dilma, em desconstitucionalizar direitos sociais e conquistas econômicas dos trabalhadores, em nome de falso equilíbrio orçamentário no capitalismo essencialmente desequilibrador por natureza, na sua tarefa de sobreacumular renda, sinalizando deflação, de um lado, e produzir exclusão e injustiça social, produzindo tensão social, de outro.

Os neoliberais colonizados da periferia capitalista estão mais perdidos que cego em tiroteio em meio ao perigo da deflação que ameaça capitalismo global
Os ideólogos a serviço do capital estão sempre de prontidão para ferrar povo e agradar capitalistas.
É o que se pode ver, claramente, no artigo de Luiz Carlos Azedo, “Reprivada”, no Correio Braziliense, nesse domingo.
Argumenta ele que a Constituição de 1988 priorizou direitos e conquistas sociais em prejuízo dos direitos civis e avanços dos costumes.
Existem direitos civis sem conquistas sociais ou as conquistas sociais são geradoras de direitos civis?
Direitos civis sem conquistas sociais, produtoras de estabilidade econômica, é mero palavrório.
Para alcançar os direitos econômicos e conquistas sociais, os povos civilizados enfrentaram guerras e revoluções que se materializaram na social democracia.
O processo desembocou em políticas de saúde, educação, trabalho, segurança, previdências,  mantidas pelo Estado, que, antes de tais conquistas sociais, era expressão, tão somente, do domínio exclusivo do capital, ou como dizia Marx, do comitê executivo da burguesia.
O liberalismo radical sob economia política clássica vigente no século 19 desembocou, seguidamente, em crises de realização de lucros do capital sobreacumulado mediante exploração de mais valia.
A razão é muito simples: quanto mais exploração de mais valia maior a insuficiência relativa de consumo que redunda em queda da taxa de lucro.
O equilibrismo orçamentário, pregado pelos neoliberais como panaceia salvacionista do sistema, é apenas jogo de palavras, porque quanto mais avança a insuficiência relativa de consumo, que produz deflação e lucro cadente irreversível, maior o desequilíbrio capitalista.
Como os empresários, diante de insuficiência de consumo, veem acumular estoques cujos preços desabam, descolam-se da produção para a especulação, nas bolsas, a fim de, especulativamente, sustentarem taxa de lucro constante.
Não foi à toa que Malthus concluiu ser a economia capitalista uma “ciência triste”.
Que propôs diante da sobreacumulação de capital que diminui os lucros dos empresários enquanto assistem acumulação de estoques em decorrência da redução do consumo?
Pregou a criação de um novo consumidor, o governo, o estado, cuja missão seria gastar para puxar a demanda global.
Mas que mercadoria consome o governo, o poder do capital no comando estatal ameaçado por insuficiência de consumo global?
Obras públicas, certamente.
Quanto mais gasta nelas, mais arrecada, de modo que gasto público não é déficit, é investimento, ao contrário da pregação neoliberal.
Keynes, declaradamente, malthusiano, de carteirinha, percebeu que o lassair faire, a economia de mercado, tinha chegado ao final, na crise nos anos 30, no crasch de 1929.
Por isso, pregou expansão dos gastos públicos com moeda estatal inconversível.
Com uma mão o governo emite moeda, para girar a economia; com a outra, lança papel, para enxugar parte da oferta monetária, a fim de evitar enchente inflacionária.
O papel da dívida pública – irrigadora e enxugadora de liquidez – ganha expressão extraordinária.
Vira oxigênio do capitalismo no século 20.
É ela, bombeada pelo governo, que salva o capitalismo da deflação por meio da inflação, “a unidade da solução, o elixir que salva o capital da bancarrota”(Keynes).
O padrão ouro, símbolo do equilibrismo orçamentário, viraria, assim, “relíquia bárbara”(K).
Certamente, a garantia de sobrevivência do sistema se expressa na capacidade de endividamento do governo, que precisa, recorrentemente, renegociar dívidas, quando seu endividamento extrapola determinados limites.
O governo americano de Obama, depois da crise de 2008, seguiu Keynes.
Passou a expandir, sem limite, a oferta de moeda na circulação, gerando, consequentemente, o que Keynes disse o que acontece nessa ocasião: redução de juros.
Juros baixos, na casa do zero ou negativo, cancela dívida dos governos, das empresas e dos consumidores.
Como, ainda assim, o endividamento estatal americano continua fora da curva, ameaçando o mundo, com a instabilidade permanente do dólar, emitido sem lastro, Washington já fala em trocar dívida velha por dívida nova, ampliando prazos de vencimentos para pagá-la.
Destaque-se: Tio Sam fala em renegociar dívida, não cortar gastos públicos.
Tio Sam repete o que Adam Smith, o pai da economia moderna, pregou em “A riqueza das nações”: dívida pública não se paga, renegocia.
Os atuais liberais, no poder, comandado pelos grandes bancos, que mandam na economia mundial, resistem, porém, a essa lógica que o endividamento estatal impõe para que a dívida seja reduzida, a fim de que o sistema capitalista produtivo continue gerando produção, consumo, arrecadação e investimento.
A sobreacumulação capitalista na esfera financeira especulativa ganhou dimensão infinitamente superior  à sobreacumulação capitalista na produção de bens e serviços, razão pela qual predomina resistência do pensamento financeiro sobre o produtivo, que requer juro baixo para sobreviver, na produção e no consumo.
Diante da necessidade de continuar sobreacumulando especulativamente com a dívida pública, os bancos levam os governos à falência, ditando para eles a norma geral de que precisa enxugar gastos sociais, para restabelecer pretensa saúde da economia.
Discurso imperialista que vale para os outros, não para o império.
Secar gastos sociais para garantir direitos civis, como prega Azedo, seria voltar ao passado, volta ao útero materno, só Freud explica.
Destruir conquistas sociais, para produzir equilibrismo orçamentário, representaria destruição tanto da economia, com emergência da deflação, produto da queda da taxa de lucro, como dos direitos civis.
No momento em que evidencia claramente que o problema central da economia brasileira é o excesso de endividamento público, que requer saneamento financeiro do mesmo mediante redução das taxas de juros, como acontece nos países capitalistas desenvolvidos, onde se pratica juro zero ou negativo contra crise financeira, emerge o falso discurso conservador reacionário do tipo elaborado por Azedo.
Dizem os banqueiros: faz-se necessário cortar gastos sociais para diminuir o tamanho do estado na economia para que sejam preservados direitos civis e avanço nos costumes mediante renovado liberalismo regenerador da economia.
O governo Temer está comprovando que tal solução, que ele persegue, para atender demanda dos credores, resistentes à renegociação das dívidas dos estados e do governo federal, é receita certa para aumentar insuficiência relativa de consumo e consequentemente produzir deflação que joga o capitalismo no impasse, mediante proposta suicida de fixar teto de gastos públicos por tempo indeterminado.
Equívoco total que leva à guerra civil.
Se ligaê, bicho

 

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