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quinta-feira, 28 março, 2024

Ernesto Guevara, o homem que deu tudo

HÁ homens que não morrem, que deixam de ser simples mortais para fazer parte irremediavelmente da história. Homens de pensamento, de caráter, de paixões e sacrifícios que enaltecem a natureza humana e dão fé do muito que podemos fazer como espécie. Ernesto «Che» Guevara de la Serna é desses.

Não foi por acaso que sua vida fosse assim. A asma o acompanhou sempre e o tornou um lutador. Seu pai acostumava dormir na cabeceira de sua cama e ele encostado no peito do pai, aprendeu a controlar as crises.

Não foi sempre à escola e recebia as aulas na casa. Contudo, fez-se independente e determinado. Praticou esportes e estudou medicina. Descrevem os livros escritos acerca da sua vida, que assistia aos trabalhos práticos com febre, mas nunca se ausentou nem deixou de trabalhar.

Durante muito tempo acompanhou e também sofreu a realidade latino-americana. Suas viagens pela região o ajudaram saber de que lado apostar e para quais propósitos dedicar seu pensamento político. Viu cair a Guatemala do presidente Jacobo Arbenz (1951-1954), abatido por um golpe de Estado planejado e financiado pela Agência Central de Inteligência (CIA); interessou-se pela Revolução do Paraguai e visitou Bolívia e outros países da região. No México conheceu os revolucionários cubanos. Viajou no iate Granma y desembarcou na Ilha. Lutou na Serra Maestra e se tornou Comandante. Já era «Che» naquele então, também um chefe revolucionário, asseveram os que lá estiveram, com uma disciplina extraordinariamente rígida.

O mítico comandante guerrilheiro foi um entusiasta encorajador do trabalho voluntário em Cuba. Na foto operando uma máquina de cortar cana, na província de Camaguey, em 1963. Foto: Arquivo

Sua mãe foi avisada três vezes da sua morte. «Três vezes recebemos o desmentido e umas linhas tranquilizadoras. Envelhecemos nesses dois anos. Cada vez que conseguia um alivio por saber que ainda vivia, novamente me desesperava lembrando que as notícias demoravam a chegar».

Porém, o guerrilheiro viveu muitos anos mais, pelo menos os suficientes para se tornar ministro das Indústrias, encorajador dos trabalhos voluntários em Cuba, conhecedor da economia, pai de família, político e, sobretudo, um transformador da esquerda mundial.

Defendeu tudo o que acreditava ser justo e soube guiar àqueles que viam nele um líder. Foi para o Congo porque essa guerra de libertação nacional também era dele. Suas experiências serviram na gesta revolucionária da Bolívia e mesmo assim, pode que não lhe fosse suficiente tudo o que fez, quando resolveu dedicar sua vida aos povos.

Na foto, da esquerda para a direita: Guillermo García, Ernesto «Che» Guevara, Universo Sánchez, Raúl Castro, Fidel Castro, Crescencio Pérez, Ciro Redondo e Juan Almeida, durante a luta na Serra Maestra. Foto: Arquivo

Hoje, depois de 90 anos, Ernesto «Che» Guevara não é simplesmente um ícone do século XX, é o escritor que deixou anedotas das suas viagens e experiências pela América Latina e o mundo. É o economista, o político, o marxista, o filho, o pai e amigo. É um homem que é lembrado por suas ideias, suas convicções e seu internacionalismo. Aquele ao que seus seguidores dedicaram inúmeras músicas e poemas. É o paradigma que encarna o desinteresse porque, tal como disse Eduardo Galeano: «não guardou nunca nada para ele, nem pediu nada nunca. Viver é dar tudo, pensava ele; e deu tudo».

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