20.5 C
Brasília
sexta-feira, 19 abril, 2024

Fiesp leva investidores brasileiros para missão empresarial em Cuba

Centro de Havana receberá evento que busca inserir produtos manufaturados no mercado cubano (Patrícia Dichtchekenian/Opera Mundi)

Patrícia Dichtchekenian | Opera Mundi

De 2004 a 2013, as exportações brasileiras à ilha aumentaram 300%; mais de 30 empresas — entre setores de alimentos e construção — participam de evento

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) convidou investidores brasileiros para participarem de uma missão empresarial em Cuba que começa neste sábado (31/10) e vai até o dia 7 de novembro.

A viagem acontece na ocasião da 33ª edição da Feira Internacional de Havana, principal evento na ilha presidida por Raúl castro para promover oportunidades de negócios e contatos comerciais para empresas estrangeiras de mais de 60 países.

Entre 2010 e 2012, a Fiesp já havia liderado missões semelhantes em Cuba para a feira. Contudo, esta é a primeira edição desde que os governos cubano e o norte-americano anunciaram o processo de restabelecimento de relações diplomáticas, no fim do ano passado.

Procurada por Opera Mundi, a assessoria de imprensa da Fiesp afirmou que, para além dessa reaproximação, o interesse do empresariado brasileiro reside em intensificar o fluxo de comércio com a nação caribenha.

De 2004 a 2013, as exportações brasileiras à ilha aumentaram 300%. A corrente de comércio entre os países alcançou a cifra de US$ 568,8 milhões em 2014, com superávit de US$ 446,7 milhões para o Brasil.

Há 32 empresas brasileiras inscritas na missão, provenientes dos estados de São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Distrito Federal. Juntas, elas representam setores como máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas, cosmético, moda e calçados, plásticos e materiais de construção.

EFERelações diplomáticas entre Havana e Washington foram interrompidas em 1961: retomada estimulou investidor

Para a Fiesp, a crescente abertura cubana ao comércio exterior e o impulso do governo por reformas de mercado são alguns dos principais atrativos aos olhos das companhias brasileiras.

Durante a viagem, empresários participarão de uma série de seminários, conduzidos pelo ministro de Comércio Exterior e Investimentos Estrangeiros de Cuba, Rodrigo Malmierca.

Em maio deste ano, Malmierca esteve em São Paulo para um seminário intitulado “Novas Oportunidades e investimentos em Cuba”, na sede da Fiesp. À época, o ministro cubano apresentou os benefícios financeiros da ilha cubana para um auditório lotado de investidores e ainda dissera que o governo “não vê o investimento estrangeiro como um mal necessário, mas como uma oportunidade importante”.

EFE/ArquivoMalmierca, ao lado de Paulo Skaf, presidente da Fiesp, tirou dúvidas dos empresários sobre mitos de investimentos na ilha, em meio de 2015

Porto de Mariel

A missão será encerrada com uma visita técnica dos empresários brasileiros ao Porto de Mariel, inaugurado em 27 de janeiro de 2014. Na ocasião, a abertura da zona franca teve a presença da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, já que o BNDES destinou uma verba de mais de US$ 800 milhões para seu financiamento e a Odebrecht foi responsável pela construção.

No Brasil, a inauguração de Mariel foi celebrada por uns, mas vista por outros como uma decisão adotada por questões ideológicas pelo governo brasileiro. Meses se passaram e a aposta estratégica passou a ser encarada com outros olhos após a reaproximação entre Washington e Havana.

Durante os dois mandatos do presidente Lula (2003-2010), o governo brasileiro desenvolveu uma série de estratégias na América Central para se aproveitar do momento em que a ilha caribenha abrisse sua economia, explicou a Opera Mundi Welber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento entre 2007 e 2011, em 17 de dezembro de 2014, dia em que foi anunciada a reaproximação entre os governos dos EUA e Cuba.

“O Brasil queria estar na frente e ter importante posição de vanguarda na hora que começasse uma abertura maior da economia cubana. A reaproximação dos EUA é mais um passo nesse sentido, mas deve se dar de forma paulatina”, declarou à época Barral, que também é conselheiro da Fiesp.

DivulgaçãoMariel é o porto caribenho mais próximo da Flórida, a menos de 200 km de solo norte-americano

ÚLTIMAS NOTÍCIAS