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sexta-feira, 29 março, 2024

Jim Carrey e o «sim» ao socialismo

A democracia dos partidos políticos proclamou, ao longo da sua história, a defesa da liberdade de expressão. Aparece como um direito cidadão em todas as constituições e, como se não bastasse, foi usado com muita inteligência manipuladora desde a Guerra Fria.

Assim, obteve-se um padrão de julgamento apreciativo que, avançando no século 21, acusa os socialismos emergentes de ditatoriais, enquanto deixa no pressuposto de que nos modelos garantidores do próprio capitalismo a liberdade é praticada.

A realidade é bem outra, pois a contradição com que a opinião pública é pressionada impõe responder de maneira terrorista, mesmo os modelos mais avançados do socialismo, sem excluir condenações públicas amparadas em subterfúgios legais diveros; práticas completamente naturalizadas hoje que impõem condenar o socialismo historicamente e em direção ao futuro mais longo. Isto é, para o infinito e além.

Assim fizeram na América do Sul, incluindo formações de centro que só aplicam medidas de capitalismo humano, como a Argentina dos Kirchner.

De repente, o famoso ator Jim Carrey disse na HBO: «Temos que dizer sim ao socialismo; à palavra e tudo» («We have to say yes to socialism – to the word and everything») e exploraram-se as verdadeiras reações desta liberdade de expressão.

A notícia da Fox parte de desacreditá-lo como um destruidor de Hollywood confesso e sobrepõe à declaração de Carrey, artificialmente, seu cânon de socialismo venezuelano como um sistema fracassado, em que milhares de pessoas sofrem as piores condições de vida diariamente.

O repórter da Fox que assume estas palavras não tem conhecimento dos planos de habitação, saúde, educação, cultura nem, mais não faltava, de ingerência terrorista e mercenarismo — em boicotes sucessivos à economia nacional e ataques reais e concretos — com o qual tentaram cercar o socialismo bolivariano.

Se olharmos bem, a focalização de Carrey não aprofunda no socialismo em si, mas que chama a resistir à demência do regime estadunidense no poder, assumindo como fórmula o próprio sistema de partidos políticos da democracia norte-americana. É um chamamento para livrar-se da agressividade predeterminada entre republicanos e democratas nos Estados Unidos.

Mas a reação é brutal: exercer a liberdade de expressão, no contexto onde normalmente o ator opera, poderia custar-lhe sua carreira, entre as mais brilhantes e melhores pagas na indústria do cinema hoje, se depender desta maquinaria terrorista da informação. É assim que muitos venezuelanos intolerantes manipulam e respondem onde quer que as notícias apareçam.

Para a democracia dos partidos políticos, a norte-americana no topo, a palavra — e apenas a palavra —, «socialismo» representa o satânico em todas as dimensões.

Carrey deixou claro em sua intervenção que quem a utilizasse deveria pedir desculpas, que é proibida no vocabulário supostamente democrático. E é a iso que apostam, imediatamente, aqueles que sequestram a ideia da liberdade de expressão para convertê-la em refém e cliente de sua própria opressão.

O macartismo continua vivo e aqueles que ousarem cruzar a linha fina de censura, terão que enfrentar campanhas terroristas de descrédito e manipulação da justiça.

Por esta razão, não só tem que dizer sim à palavra «socialismo», mas a tudo o ouutro que o sistema propõe e facilita na emancipação das classes que ainda estão oprimidas pelo capital. Jim Carrey está absolutamente certo. (Extraído de La Jiribilla)
* Poeta cubano, narrador e ensaísta. Villa Clara, 1961. Colaborador de várias mídias. Dirigiu a revista de cultura Umbral, em Villa Clara. Recebeu a Distinção pela Cultura Nacional em 2004.

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