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sexta-feira, 19 abril, 2024

México e Cuba unidos pela cultura maia

 

México (Prensa Latina) O IV Festival Internacional da Cultura Maia (FICMaya) 2015, celebrado em Mérida, capital do estado de Yucatán, México, permitiu o estreitamento dos laços de amizade que unem este país a Cuba.

Em particular com esta região que se identifica de modo verdadeiro com a cultura, costumes e arquitetura da ilha caribenha.

As ruas e várias das emblemáticas edificações de Mérida assemelham-se às que se levantam nas vilas mais antigas de Cuba, aquelas que foram conquistadas pelos espanhóis e fundadas já há 500 anos.

Cuba, a maior das Antilhas, trouxe ao extremo sul do México ritmo, cor e experiência com a delegação mais numerosa, ao chegar com mais de 300 artistas e acadêmicos.

Por 10 dias, Mérida fez com que muitos vibrassem e descobrissem a cultura ancestral dos maias, para além de fatos transcendentais como a criação do número zero ou seus avanços astronômicos, ao dar por assentado que se trata de uma cultura e língua viva que seus herdeiros conservam com zelo.

Sob um amplo leque de ofertas acadêmicas, de teatro, música, cinema e dança, o evento desenvolveu-se em diversas sedes de Yucatán, entre elas os formosos teatros que abriram suas portas à cultura estrangeira e local.

Vale pois a seguinte imagem: “Cuba é o país convidado e enche de festa, cores, magia, dança, energia, vigor, tambores e ginga este festival acolhido por Mérida, capital do estado mexicano de Yucatán”.

Assim o afirmou Jorge Esma Bazán, presidente executivo do encontro ocorrido de 16 a 25 de outubro, em um ambiente regido pelo majestoso Grande Museu do Mundo Maia de Mérida, que foi sede de múltiplas atividades, em particular acadêmicas.

Na figura de Miguel Barnet, presidente da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba, o jacaré verde foi homenageado no Dia da Cultura da ilha, celebrado a cada 20 de outubro.

O escritor, poeta e etnólogo recebeu o título honorífico de Doutor Honoris Causa conferido pela Universidade do Oriente (UM), da cidade de Valladolid, em Yucatán.

A companhia infantil La Colmenita entregou duas funções a um público que lotou o teatro Daniel Ayala, como também o fez em outros lugares diante da presença da Orquestra Aragón, Pablo Milanés, Vogal Sampling, Septeto Santiaguero, Beatriz Márquez e Los Van Van, entre outros representantes cubanos.

Cuba e Quintana Roo foram o país e o estado mexicano, respectivamente, Convidados de Honra a este encontro internacional, considerado entre os três mais importantes realizados no país.

O tema do FICMaya 2015 foi A ciência no tempo, a paisagem e a arquitetura do Mayab, com ênfase no campo científico no qual se distinguiram os maias.

Mas não só Cuba e Quintana Roo fizeram este encontro brilhar, já que vieram artistas de outros países e a este se uniu o Festival Internacional Cervantino, que se desenvolveu de maneira paralela no estado de Guanajuato.

Várias foram as personalidades reconhecidas e uma delas foi o compositor e cantor yucateco Armando Manzanero, a quem foi outorgada a Medalha de Ouro.

DEUS DO MILHO E LÍNGUA MAIA

Em uma das diversas oficinas prevaleceu o tema do milho, alimento básico nestas culturas pré-hispânicas e que mantém sua tradição entre as populações atuais.

Como um costume que imperou em vários momentos do festival, antes de iniciar uma das conferências, María Guadalupe Aké Cetina teve a seu cargo as palavras de recebimento em língua maia.

O doutor Enrique Florescano deu a conferência Como se faz um deus?, na qual se referiu ao Deus do Milho e ao Deus do Vento.

Explicou, por exemplo, que em um machado cerimonial olmeca aparece uma representação do Deus do milho e na parte superiorse sobressai uma espiga.

Assim aparece em imagens em slides a escultura deste deus, que brota do interior da terra, formado de espigas.

Morte e resurreição são os dois eixos do ciclo do milho, disse Florescano.

O festival chegou ao fim, mas reafirmou-se o respeito e carinho dos yucatecos com Cuba e vice-versa, porque como diria Barnet: “Mérida é uma cidade que tem sangue cubano como Havana tem sangue yucateca, desde a época das guerras de independência”.

Ressoam ainda nos ouvidos as boas-vindas em língua maia da jovem María Minelia Yah Interián, vestida com um colorido traje tradicional e enfeite floral na cabeça, quando disse: “Bem-vindos à estrela de Yucatán, alma e essência mais pura do povo maia”.

A proposta do arqueólogo Alfredo Barreira -homenageado com a medalha Yuri Knorosov-, de que no próximo festival e eventos futuros os especialistas deem suas conferências em língua maia foi acolhida com entusiasmo.

O estado de Yucatán mantém vínculos históricos com Cuba, são duas regiões ligadas pelo mar Caribe e por tradições culturais.

Há mais de 100 anos, México e Cuba mantêm relações diplomáticas ininterruptas, as quais se fortaleceram neste festival.

Deixaram lembranças os rituais e cerimônias de sacerdotes maias que iluminaram com suas petições o feliz desenvolvimento do encontro, os ensinos ancestrais que foram analisados nos colóquios e oficinas e o colorido dos trajes, danças e ritmos que inundaram Mérida.

*Corresponsável da Prensa Latina no México.

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