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terça-feira, 19 março, 2024

Nós, os sobreviventes do Titanic

Florestan Fernandes Junior
A Lava Jato só ocorreu porque um governo de esquerda implementou uma política de transparência e independência judicial que permitiu a nomeação de um procurador-geral com total autonomia. Quem diz isso é o correspondente do The Guardian, Jonathan Watts, em uma matéria de 3 páginas no tradicional jornal inglês. Uma transparência que agora empilha denúncias de corrupção jamais imaginadas sobre Temer e os partidos que o colocaram no poder. Isso explica as articulações políticas e de parte da “grande mídia” em conter a ação da PF e do Ministério Publico assim que desalojaram o PT do poder.
Se por um lado, abriu-se a caixa de pandora da corrupção, a Lava Jato, segundo o The Guardian, colocou a gigante Petrobras de joelhos diante de suas concorrentes internacionais. Com o “novo” governo, os campos petrolíferos brasileiros descobertos na Era Lula começam a ser entregue às petroleiras estrangeiras. Aliás, desde 2014, eu e vários jornalistas alertávamos para esse desmonte que destruiu também as multinacionais da construção civil brasileira. Em outros países, investigações de corrupção ficam focadas nos empresários, e não na destruição de suas empresas. Em alguns casos ocorre até uma intervenção federal na direção de empresas para preservar o faturamento e garantir os empregos. Estranhamente esse nunca foi o interesse dos que manipularam as investigações com vazamentos seletivos. Em apenas 3 anos a Lava Jato inundou o país, afundando nosso “Titanic”, jogando ao mar os corruptos, os corruptores e nossa economia, que de sétima do mundo retornou a seu passado insignificante. Enquanto o grande capital é salvo em botes luxuosos, os brasileiros são abandonados no naufrágio e vão se afogando no desemprego e na falta de perspectiva de uma sobrevivência digna.
Os comandantes da nau ameaçam tirar nossos direitos trabalhistas e a previdência social. O porto seguro é algo distante e desfocado no horizonte, mas ainda podemos salvar nossas vidas e retomar o timão. A hora é de enfrentar a tempestade, defendendo a democracia e vencendo os piratas. No próximo domingo todos temos o compromisso de inundar o Largo da Batata num só grito: Diretas Já!

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