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sexta-feira, 19 abril, 2024

Nosso atraso civilizatório

Nossa colonização barroca se caracterizou pela subserviência e subalternidade internacional

Dizia o antropólogo Darcy Ribeiro: “As elites brasileiras são cruéis, elas asfixiam as massas mantendo-as na escuridão da ignorância. As escolas não cumprem com o papel de educar e preparar os meninos do Brasil. Só vamos acabar com a violência quando resolvermos a questão da educação”.

Visivelmente as entranhas do nosso atraso social estão entrelaçadas à constituição de nossas elites, que por meio de sua concepção, perpetuam-se no seu exercício de coexistirem de privilégios e de se locupletarem do estado.

Diferentemente de outros processos coloniais onde se edificaram elites pátrias com percepção de nacionalidade e projeto de desenvolvimento pátrio, como por exemplo, os góticos americanos; aqui, nossa colonização barroca se caracterizou pela subserviência e subalternidade internacional.

Característica essencial de nossas elites é sua completa e inequívoca concepção antipátria e antinação, como também seu DNA escravocrata.

Evidente que para lograr êxito neste processo elas se utilizam de inúmeras artimanhas, como a ideologização de que a ordem social é sagrada e divina, estabelecida segundo a vontade de “Deus”. Outro instrumento comum é a utilização do medo – asfixiamento de qualquer contestação -, como também a manutenção de nosso atraso educacional.

Em nossa estratificação da pirâmide social evidencia-se o êxito destas engrenagens que retratam de forma perversa nosso atraso civilizatório.

No topo, as classes dominantes repartidas e articuladas, em um patronato moderno, e tradicional (grandes capitalistas parasitários e produtivos, rurais e urbanos) que se organizaram de altas posições nas instituições do Estado. Oligarcas patriarcais e antipátrias, porém poderosíssimas, e se necessárias profundamente violentas; não titubeiam em golpear o estado quando quaisquer interesses seus ficam em perigo.

Dentre a engrenagem os setores intermediários compostos da dita “classe média”: de funcionários públicos civil e militar; profissionais liberais; médios proprietários de negócios, etc. são anteparos para os interesses dominantes. Não se intitulam trabalhadores e são profundamente preconceituosos com projeções políticas e radicais.

Como classes subalternas têm a aristocracia operária: empregados nas indústrias pertencentes às corporações multinacionais, assim como os trabalhadores prestadores de serviços que não entendem os conceitos de luta de classes, e são amordaçados em seus pleitos de elevação social, do mesmo modo que acreditam na ordem social sagrada.

Na base está uma classe dilatada: os marginalizados e oprimidos submetidos ou ao subemprego ou ao desemprego crônico; os despossuídos de direitos e cidadania sofrem do mais absurdo desprezo das demais classes sociais e são os grandes vitimados de nosso atraso civilizatório.

Nada obstante toda esta estratificação só foi possível por meio de uma forte e inquebrável ideologia social, a qual as elites laboram há séculos para sua manutenção. Qualquer ameaça ou simplesmente reivindicação é brutalmente estancada, como também é violentamente reprimida.

Até porque o atraso civilizatório é o banjo necessário e inegociável para mantermos nossas elites abastecidas de privilégios e poderosas.

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