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sexta-feira, 29 março, 2024

O ASSASSINATO DO LULA

Pedro Augusto Pinho*

Talvez o prezado leitor imagine que adotei a ficção, ao invés das reflexões sobre a realidade nacional, como maneira de prosseguir escrevendo. Faria sentido se não estivéssemos mergulhados numa feroz ditadura: do capital financeiro internacional, da banca, como o designo.

Pediria sua tolerância para percorrermos curta jornada.

A primeira eleição do Lula deu-se neste novo período colonial, onde não mais os Estados Nacionais e o capitalismo industrial buscam impor suas vontades e interesses. A banca só tem dois objetivos, como os sabem todos:

1 – apropriar-se de todos os ganhos de todas as atividades econômicas, ou seja, não há sentido em falar de lucro industrial, lucro da logística, lucro dos serviços, tudo se resume em um único ganho: lucro do capital financeiro. Seja pelo controle indireto das atividades – já demonstrei algumas vezes que os acionistas das grandes empresas são fundos ou gestores de fundos financeiros, cuja origem está, quase integralmente, em paraísos fiscais – seja pelas dívidas privadas ou públicas, administradas pela banca.

2 – promover a permanente e intensa concentração de renda. Trata-se de um objetivo suicida, mas que se pode observar quer na quantidade de empresas de qualquer setor, quer nos ganhos de uma minoria, cada vez menos numerosa e mais rica, de instituições e famílias.

Lula procurou em documento –carta compromisso aos brasileiros – garantir que não tocaria nos privilégios. E, efetivamente, o cumpriu. Tudo que fez, nos oito anos de governo, foi distribuir, de modo menos cruel e desigual, os recursos nacionais. Repito: ninguém deixou de ganhar, os que jamais receberam qualquer coisa passaram a ter, como brasileiros e seres humanos, alguma assistência do Estado.

Foi o suficiente para que este poder internacional – como já experimentara em Honduras, sedimentara no Paraguai, testara na Argentina, para se assegurar na França, o golpe midiático-eleitoral e, agora, amplia “urbe et orbi” no Equador, na África do Sul, na Coreia do Sul – corrompesse a “justiça” para seus propósitos.

A prisão do Lula começou com a farsa do Mensalão. A diferença deste para os Mensalões Tucanos e Demistas foi a inexistência da apropriação de recursos públicos e a velocidade com que se deu o julgamento. A comunicação de massa audiovisual, como é óbvio e vai acontecer durante todo Governo Lula e Dilma,  irá criar/inventar fatos, forjar depoimentos e provas, ou simplesmente caluniar, difamar, mentir em nome da “liberdade de imprensa”, apenas prejudicando e acusando os petistas e Lula.

Conclui-se, assim, com a condenação de Lula pelo agente Moro, seguido por todos os aparelhados pelo Departamento de Estado daquela “nação amiga, defensora da democracia e das liberdades”, uma passo que poderia ser definitivo.

Mas ocorre o inverso, um povo pouco dado a movimentos de rebeldia, começa a se manifestar de forma surpreendente: milhares de cartas são enviadas ao Presidente preso. Lula continua a ser o mais popular e querido político brasileiro, só tendo similar Getúlio Vargas, igualmente vilipendiado pelas forças da geopolítica estadunidense, herdada pela banca, e assassinado pela mídia.

Tem-se que ir para medida extrema, que, diga-se de passagem, é o cotidiano dos golpistas nacionais e estrangeiros: o assassinato.

Enorme seria este artigo se, apenas do Brasil, elencasse os assassinatos políticos, nas ditaduras e nas “democracias”.

Vamos verificar as concretas fases para o assassinato de Lula. Primeiramente a mídia passa a divulgar, na forma ardilosa dos boatos e dos “acho que”, para o que as redes virtuais se prestam magnificamente, que Lula está deprimido, que Lula teve uma diarreia, que Lula está sem sono e muitas outras fantasias que o repertório de golpista é fértil.

Impede-se, como já o faz o agente Moro, que ele seja visitado. Espaçam-se as permissões e encurtam-se os tempos de visita. Alega que não saiu para o banho de sol porque não se sentiu bem ou que não quis, como se o querer do Lula valesse alguma coisa para seus algozes.

Finalmente, preparando a clima, a rede Globo, em articulação com emissoras de rádio e televisão, transmitem durante horas e horas, jogos e comentários sobre a Copa do Mundo de futebol, na Rússia.

O Brasil inteiro passa a viver a Copa. Como o interesse da banca extrapola as fronteiras nacionais e sendo o Brasil um país chave para as revoluções da informática e da energia, que transformarão a vida ainda neste século, posso perfeitamente supor que os jogos sejam “orientados” para a sensacional final do Brasil com quem quer que seja. Dinheiro para isso a banca tem de sobra.

E pronto. A nação do samba e do futebol, entorpecida, nem saberá do assassinato do Lula. E quando souber, já tarde, só poderá chorar, para o que será conduzida, entusiasmada ou sonolenta, pelas mídias comerciais e com as palavras bonitas que os assassinos de Marielle Franco a agrediram após a morte nas transmissões da Globo, Band et caterva.

Mantenhamo-nos acordados. Não é um título de futebol que nos dará o futuro soberano, cidadão, digno e justo.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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