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quinta-feira, 28 março, 2024

O momento Sarajevo da Síria

Pepe Escobar, pelo Facebook
Segundo uma das minhas principais fontes para inteligência russa no Oriente Médio, a Rússia deu aos EUA um ‘aviso Sarajevo’.

Falando sobre a derrubada pelo Pentágono de um avião de combate sírio, diz meu informante, “os EUA não usaram a linha de desconflitação, o que enfureceu os russos. O movimento tem de ser interpretado como provocação premeditada contra a Rússia, para iniciar uma guerra. E os russos responderam.”

O Pentágono parece ter entendido a mensagem – e decidiu recuar, pelo menos por enquanto.

Minha fonte acrescenta: “Enquanto isso, o Senado dos EUA quase por unanimidade decidiu declarar guerra à Rússia (sanções são guerra), e a Alemanha ameaçou retaliar contra os EUA por tentar interromper o gasoduto Ramo Norte 2 (Nordstream 2) da Rússia para a União Europeia, de modo a impedir que os EUA exportem seu gás natural para a UE, o que torna a UE dependente dos EUA.”

As novas sanções contra a Rússia consistem basicamente em dizer à UE que compre o caro gás norte-americano, em vez do barato gás russo. Os alemães e austríacos basicamente disseram aos norte-americanos que caiam fora.

Diz a fonte: “Se começar uma guerra comercial entre EUA e União Europeia, é o fim da OTAN. A agressão premeditada, no caso da derrubada do avião sírio, pode ser vista como uma forma de distração, para pôr a Alemanha em linha, criando uma guerra no Oriente Médio.”

O Pentágono não é doido o bastante – quero dizer, sabe-se lá! A síndrome de Dr. Fantástico continua viva e bem de saúde –, a ponto de iniciar uma guerra com a Rússia, por o Pentágono se recusar a usar a linha [telefônica] de “desconflitação” na Síria, criada para evitar que aconteça precisamente o que aconteceu.

Moscou está preocupada? Não parece. No recente programa anual de perguntas e repostas pelo canal TV Rossiya 1, Putin ofereceu mais uma razão – ultra pragmática – para o envolvimento na Síria:

“Podemos dizer que a experiência de usar nossas Forças Armadas em combate, empregando as novas armas, tem valor inestimável, e digo isso sem qualquer exagero. Sabem, nossas forças alcançaram patamar absolutamente diferente de qualidade… Experiência de combate também deu uma chance, aos engenheiros militares, para testar e afinar as novas armas, em ação.”

Chega lá,  Pentágono.*****

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