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terça-feira, 16 abril, 2024

OS DEUSES BRASILEIROS

“Em um mundo imperfeito

Sem verdadeiras opiniões

Tudo é falso, tudo é raro

Tudo é amor inventado

Não serei

Usado e abusado

Obliterado

Censurado e ridicularizado”

(Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Canção  dos

alunos do 8º ano fundamental, para festa de fim do

ano letivo da Escola Sá Pereira, 2016)

Pedro Augusto Pinho*
O golpe de 2016, entre os diversos males causados ao Brasil, abriu a porteira do cinismo, da hipocrisia e da total falta de respeito aos cidadãos.
Se alguns membros da magistratura afrontavam a sociedade como novas divindades, agora todo poder judiciário ataca o povo, numa manifestação corporativa que agride os trabalhadores, aqueles que se vem sustentando com seu trabalho, com seus impostos indiretos, as arrogantes ações contra seus direitos, vindas de quem, constitucionalmente, caberia defendê-lo.
A mais recente ação é do próprio chefe do Ministério Público, que parece prezar mais o seu putativo eleitor do que a aplicação da justiça.
Não aceito ser chamado Lulista. Sou um velho bacharel, que prestou atenção ao que lhe diziam seus mestres na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil.
Eis a notícia: ao processar um procurador por sentir sua honra atingida, o ex-Presidente Lula recebeu do procurador-geral Rodrigo Janot uma verdadeira intimidação porque “o ataque a um membro do Ministério Público no exercício da função é um ataque a todo o Ministério Público”.
Então sair dos autos para a mídia, o que já constituiria uma falta, atacando, sem apresentar provas, um homem público que, como qualquer outro, tem em sua honra um patrimônio político, é um ataque ao Ministério Público?
Não seria o esperado que o Chefe inquirisse seu subordinado pelo ato impróprio ao desempenho da função? Ou estamos assistindo um eleito defendendo seu eleitor, o que seria eticamente reprovável. Ou, ainda pior, uma corporação de divindades a quem não cabe dos humanos nada diferente do que homenagens?
A partir do momento que se destitui uma Presidente por se recusar a participar do assalto a nação, pouco importa se por incompetência ou por princípio, todas as, assim chamadas, autoridades, em especial do cúmplice judiciário, perderam o sentido da ética, da honra e do dever que juraram cumprir. Imaginem que os médicos, abjurando seus compromissos profissionais, se tornassem assassinos? Isto está ocorrendo em todos os poderes e de forma mais grave naqueles que seriam os guardiões da lei, da defesa dos direitos, os defensores do povo.
Sem mais ter para quem ou onde recorrer, que se espera de um povo que vai perdendo, a cada nova medida do executivo, a cada aprovação do legislativo, seu emprego, sua aposentadoria, seu ganho que mantém menores e inválidos, a escola dos filhos, a saúde da família, um futuro ou uma esperança?
Estes arrogantes senhores do judiciário esperam que se lhes acendam velas ou se lhes queimem as vestes vetustas, manifestações de diferenciação dos demais?
Temo que estejam açulando o povo e a multidão enraivecida não distingue quem se lhe opõe, agride todos, senhores deuses.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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