Panamá (Prensa Latina) A sociedade panamenha está hoje indignada pela suposta rede de corrupção em sua Assembleia Nacional sob o manto de doações a pessoas necessitadas, segundo revelou esta semana uma investigação jornalística do diário A Imprensa.
O presidente do atual período legislativo, Rubén de León, anunciou a suspensão de doações e contratos profissionais, e informou a criação de uma comissão investigadora integrada pelos deputados Yánibel Ábrego, Leandro Ávila e Juan Carlos Arango, além de uma assinatura de auditores independentes.
Paralelamente, a Controladoria Geral anunciou uma auditoria ao respeito, enquanto corte-a Suprema de Justiça analisará na terça-feira próxima uma demanda de inconstitucionalidade contra o decreto que norma as doações, e que em uma primeira apreciação, o magistrado Harry Díaz considerou não avaliado pela Constituição.
A publicação de documentos probatórios da solicitação de dinheiro por panamenhos de baixos rendimentos, junto as correspondentes atas e cheques, respaldam desembolsos que pudem atingir 14 milhões de dólares desde julho de 2014 até dezembro de 2016, em uma partida orçamental cuja legalidade é questionada.
Mas a maior rejeição popular é que de trinta destas pessoas consultadas pelo meio de imprensa, uns negaram que receberam dinheiro, enquanto outros confessaram que foram até o banco a mudar o cheque com um suposto servidor público, o qual lhe solicitou devolver 95% do efetivo.
Outra linha de corrupção foi denunciada com relação a contratos supostamente falsos de pessoal para trabalhar na Assembleia, pois as pessoas consultadas pelo rotativo disseram não conhecer do documento, nem trabalharam ou receberam remuneração alguma por tais funções consignadas no mesmo.
Neste último caso, o monte desembolsado foi de 68 milhões de dólares em igual período, segundo a investigação, que posteriormente fez uma terceira denúncia de doações a organizações não governamentais controladas por deputados.
Entre os exemplos citados pela Imprensa, esteve o de Cynthia Alba Cáceres, de 51 anos, residente na Chorrera, a Oeste desta capital, que assegurou que recebeu o oferecimento de ajuda para o qual só devia escrever uma carta de solicitação que entregou a uma suposta servidora pública do parlamento.
Assegurou ao diário que nunca voltou a saber do tema, mas seu nome aparece na documentação mostrada pela investigação, a que dá fé de receber 2.800 dólares em novembro de 2015, em qualidade de donativo.
Na denúncia pública mencionaram-se ao menos três deputados por seus nomes, dos quais ainda não se obtiveram declarações até o momento, mas fontes da Assembleia narraram ao meio que entre novembro e dezembro de 2016, se remetiam mais de 100 cheques por semana para diferentes deputados.