19.5 C
Brasília
sexta-feira, 29 março, 2024

PÁTRIA LATINA: 15 ANOS DE INTEGRAÇÃO INFORMATIVA LIBERTADORA

Neste evento em outubro de 2001 no Palácio das Convenções em Havana, nascia o Pátria Latina (foto Valter Exu)

Beto Almeida*
Foi no início de outubro de 2001, ainda sobre os impactos das chamas do auto-atentado de 11 de setembro em Nova York,  cujos efeitos alcançam o significado de um golpe de estado de escala internacionai,  que se realizou o Congresso Latinoamericano de  Jornalistas, convocado pela Felap e pela UPEC (União de Periodistas de Cuba),  com a responsabilidade de apresentar propostas para as tarefas agudas que surgem, então, com o no contexto.
Na mesa do congresso, durante todo o tempo e por todos os dias, o Comandante Fidel Castro. Pairando na atmosfera do evento, como um sinal de transformação, esperança e combate,  os ecos da ações do Comandante Hugo Chávez, estruturando o processo revolucionário bolivariano na Venezuela, de onde lançava propostas concretas para ações em favor da integração da América Latina.
 Na plateia, entre tantos jornalistas experientes, a presença do Comandante Sandinista Tomás Borge. Havia discursos analíticos sobre os devastadores efeitos das políticas neoliberais sobre a região  latino-americano e caribenho. Porém, mais do que denúncias, sempre necessárias, havia também  uma percepção consciente de que, com a eleição de Chávez,  se abriam espaços para políticas anti-neoliberais e de cunho estatizantes. Tal percepção se  confirmaria, um ano depois, com a eleição de Lula no Brasil, retomando o protagonismo do estado. Até ali, havia Cuba e Venezuela apenas como bastiões que pudessem emanar apoio e inspiração aos lutadores dos países ali reunidos, para estruturarem estas ações práticas.
Fidel tomava nota de tudo. Ouviu todos os discursos atentamente. Assim, oferecia um exemplo para dirigentes que vão a um evento, não se integram no debate, falam e simplesmente se   retiram. Fidel anotava, às vezes perguntava, Ouvia vigilante.

Exibindo patria 1.jpg

Começam a surgir propostas. A Revolução Bolivariana abria um espaço para novas estratégias de comunicação e as ideias começam a tomar formas. Estruturar iniciativas  de comunicação alternativa era o que parecia mais sensibilizar o conjunto de jornalistas e ao próprio Fidel.  Foram 4 dias de intensos debates, de manhã até tarde da noite, por vezes varando madrugada. Até que a certa altura Fidel toma a palavra: “Precisamos de uma CNN dos humildes!”. Era um sinal claro. Ideias já circulavam com o presidente Hugo Chávez que percorria o mundo dialogando com militantes, intelectuais, governantes, pensadores, lutadores  e periodistas.
Estava ali ,  praticamente tomando forma,  a ideia da Telesur, que talvez tenha sofrido um atraso em razão das condições políticas complexas que levaram ao Golpe de 11 de Abril contra Chávez. Mas, ali ela ganhava, na frase de Fidel, um sentido, uma orientação e um tomo de tarefa histórica para a comunicação libertadora que hoje é uma realidade. Estava acesa a chama. E junto com a ideia de que termos uma CNN dos humildes, muitas outras iniciativas de comunicação alternativa seriam encorajadas a tomar forma. Ali, em outubro de 2001, em Havana, nasce a ideia do Pátria Latina, uma voz a serviço da integração dos povos. Primeiro na modalidade impressa, depois modificando-se para o digital, e agora completando 15 anos!
Pátria Latina cumpriu papel importante difundindo a informação veraz e honesta acerca da sórdida conspiração imperial contra a Revolução Bolivariana dirigida por Hugo Chávez. Contribuiu, com informações aprofundadas, para a compreensão consciente das mudanças no Brasil da Era Lula, no surgimento do governo de Evo Morales, na difusão da Revolução Cidadã sob direção ode Rafael Correa, no Equador,  agora elegendo seu sucessor Lenin Moreno,  e na retomada da Nicarágua pelo sandinismo, com Daniel Ortega à frente.
Um dos momentos importantes foi quando esclarece, com informações qualificadas , acerca da repugnante manipulação midiática que buscou justificar a invasão militar ianque ao Iraque e, mais tarde, quando da agressão militar à Líbia. Neste caso, até mesmo parte dos chamados blogueiros progressistas no Brasil caíram na armadilha ideológica e chegaram ao cúmulo de publicar que a Telesur havia sido enviada por Chávez para a Líbia “para defender a ditadura de Kadafi”. Três erros numa mesma frase: primeiro quanto ao papel revolucionário de Chávez; segundo uma ignorância e preconceito contra a Revolução Líbia, e, em terceiro lugar,  descabida desinformação sobre o papel transformador de Telesur!
Pátria Latina explicou sistematicamente a coerência da corajosa defesa que Hugo Chávez fez da Revolução Líbia, que, sob o comando de Moamar Kadafi, havia transformado aquele país, antes tribal,  em uma sociedade com os mais elevados indicadores sócio econômicos e de desenvolvimento humano de toda a Áfric!. Pátria Latina mostrava que a proposta de Kadafi de criar um Banco da África, com moeda própria lastreada em petróleo, e de defender a criação de uma Otan do Atlântico Sul, eram os verdadeiros motivos que levaram o criminoso de guerra Barack Obomba a mobilizar a Otan, incluindo a “democrática” França, para cometerem um banho de sangue  líbio destruindo toda a infraestrutura do país,  com 166 dias ininterruptos de bombardeios. Era muita a vontade de matar! E , tudo isto, com a tolerância e justificativa de alguns blogueiros progressistas e de simpatizantes de Obomba, integrantes do movimento negro no Brasil. Eis aí a grande função de Pátria Latina. Até mesmo as empresas de engenharia brasileira que haviam construído todo a infra-estrutura moderna na Líbia, pontes, usinas, estradas, ferrovias,  foram de lá expulsos pelos bombardeios da Otan,  e agora, estão sendo destruídas pela lava-Jato.
Não fosse a falta de consciência clara nos governos Lula e Dilma para a imperiosa necessidade de criar alternativas de comunicação contra os oligopólios da mídia comprada pelo grande capital, experiências como o Pátria Latina teriam continuado sua versão impressa e teriam hoje  condições para uma presença de ainda mais envergadura neste deserto de desinformação e grosseira manipulação informativa contra o nosso povo.. Nesses 15 anos de Pátria Latina, afirma-se a luta prioritária por uma comunicação democrática e anti-oligárquicas, que marcaram o momento de seu nascimento, naquele outubro de Havana.em 2001, sob o olhar atento, participativo e cooperativo do Comandante Fidel Castro.
Beto Almeida
Membro do Diretório da Telesur

ÚLTIMAS NOTÍCIAS