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quinta-feira, 28 março, 2024

PÁTRIA LATINA 15 ANOS: Encontro histórico ajudou a tornar realidade um sonho de muitos anos

Estamos completando 15 anos, cuja historia teve inicio nos dias 4, 5,6 e 7 de outubro de 2001 quando com um grupo de jornalistas brasileiros participávamos de um encontro Latino-Americano e Caribenho de jornalistas e durante os quatro dias a presença de Fidel era constante e a intimidade era tanta, que em um discurso do Comandante à noite pedimos para ele ser breve, pois queriamos assistir um show de Compay Segundo.

O show foi mesmo de Fidel que começou a falar às 21h15min e só terminou as 03 da manha tendo como assistente, uma plateia extasiada. Ao termino, Fidel ainda teve folego para convidar todos para um café da manha que se prolongou ate as cinco no Palácio das Convenções onde se deu o evento.

Papo do Dia vai publicar textos de alguns dos jornalistas que lá estiveram e que de certa forma, participaram da fudação da publicação como Mario Augusto Jakobskind, Hélio Doyle, Beto Almeida, Laurindo Lado Leal Filho e outros. (Valter Xéu)

Mário Augusto Jakobskind
Em outubro de 2001 um grupo de jornalistas foi a Havana participar de um encontro com jornalistas de vários países da América Latina. Lá estava Fidel Castro acompanhando os debates e se inscrevendo para falar como qualquer participante. Fidel Castro confirmava a sua condição de exímio comunicador. Havia uma certeza, a da importância em se criar espaços midiáticos para enfrentar o esquema do pensamento único tão em voga nos mais diversos quadrantes do continente que lá estava representado por centenas de jornalistas.
Entre os jornalistas brasileiros, a maioria se conhecendo naquele encontro, tendo Beto Almeida e o diplomata cubano Jorge Ferrera como os indicadores dos nomes dos participantes, havia uma unanimidade, ou seja, na volta ao Brasil fazer o possível e o impossível para se criar o mais rápido possível um veículo que pudesse exprimir o nosso pensamento. Queríamos um país mais justo socialmente e com veículos de imprensa que exprimissem um pensamento libertário.
Poucos meses depois, já no início de 2002, nascia o Pátria Latina, inicialmente impresso e em seguida com o formato atual, que reúne reflexões apontando para um Brasil inserido no continente latino-americano, livre das amarras imperiais que a mídia comercial conservadora tradicional representa até hoje. Valter Xeu como editor demonstrava na prática que o sonho exposto naquele congresso de jornalistas latino-americanos poderia se transformar em realidade.
Nestes 15 anos, e agora mais dois meses, Xeu teve o mérito de conseguir que Pátria Latina se transformasse realmente em um espaço de reflexão reunindo as mais diversas vozes que de um modo geral a mídia comercial conservadora evita abordar.
Pátria Latina nos traz mais ensinamentos, entre os quais, que é possível a criação de espaços de debates e reflexões com total liberdade. Nos mostra também que quando há vontade política de informar sem amarras, os obstáculos podem ser superados.
Nos debates e reflexões ocorridas em Havana há pouco mais de 15 anos surge sempre a imagem de pessoas refletindo, entre os quais Fidel Castro, sobre a batalha da informação em seus respectivos países. Naquela reunião em Havana de alguma forma nasceu também a ideia revolucionária da criação da Telesur, que alguns anos depois, em 2005, se tornou uma realidade importante para a informação na América Latina. E a iniciativa tornou-se uma realidade graças ao apoio e esforços do líder venezuelano Hugo Chávez, que depois de ter sofrido uma tentativa de golpe com o apoio da oligarquia local e do governo estadunidense para apeá-lo do poder, empenhou-se ainda mais a fundo para que a Telesur fosse criada. E aí está ajudando a quem busca informações que a mídia comercial conservadora omite.
Hugo Chávez, conhecedor da realidade venezuelana e da América Latina, não poupou esforços no sentido de o sonho da integração latino-americana se tornasse uma realidade no campo da informação.  E hoje, para os jornalistas independentes que buscam espaços midiáticos para melhor entender os acontecimentos contemporâneos, a Telesur e também Pátria Latina são indispensáveis.
O encontro em Havana, portanto, teve resultados concretos pelo continente, até porque outros espaços de informação surgiram tendo como eixo o que foi discutido com fervor pelos jornalistas que lá tiveram a oportunidade histórica de estarem presentes.
Pátria Latina em seus 15 anos e mais dois meses de existência sem interrupção está de fato cumprindo o que se debateu em Havana em outubro de 2001. Os jornalistas brasileiros, que seguem capitaneados por Valter Xeu, podem responder positivamente às perguntas relacionadas com o que aconteceu em Havana naquele outubro de 2001, ou seja, missão cumprida.
E, finalmente, vale sempre repetir, os que lá estiveram presentes puderam testemunhar que Fidel Castro sempre foi mesmo um exímio comunicador e ao participar todos os dias dos debates demonstrou que sempre esteve ligado na batalha da informação, da qual foi vítima, durante muitos anos, de mentiras e meias verdades divulgadas pelos mais diversos órgãos de imprensa latino-americanos conservadores que cumpriram, e ainda cumprem, a sua missão de iludir incautos e fazer cabeças.
Nesta lembrança dos 15 anos do Pátria Latina e 16 da nossa ida a Havana, não poderia deixar de lembrar a figura do jornalista Procópio Mineiro, um dos integrantes da delegação de brasileiros, recentemente falecido, deixando entre nós um exemplo de combatividade por justiça e um jornalismo independente sem injunções. Procópio levou adiante seu ideal ao longo de suas atividades profissionais, seja como responsável pelo jornalismo na rádio Jornal do Brasil, sendo um dos responsáveis pelo desmonte da fraude eleitoral que o governo ditatorial ainda vigente em 1982 tentava impor através de uma eleição fraudulenta do candidato do então PDS, Moreira Franco.
Procópio conseguiu com muita competência fazer a contagem verdadeira dos votos que elegeram Leonel Brizola governador do Estado do Rio de Janeiro, tendo como vice Darcy Ribeiro. Repórteres e estagiários coordenados pelo mestre Procópio Mineiro desarmaram o esquema que ficou conhecido como Proconsult, evitando assim que Moreira Franco, um político responsável por inúmeros esquemas de retrocesso fosse galgado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro em 1982.
É importante essa lembrança, sobretudo pelo fato de até hoje a mídia comercial conservadora, no caso do Rio de Janeiro as Organizações Globo, omitir o fato histórico aqui mencionado.
Procópio Mineiro, presente hoje e sempre

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