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sábado, 20 abril, 2024

Peronismo se une em torno de Daniel Scioli às vésperas do segundo turno na Argentina

Dirigentes peronistas ligados a Massa e ao governo se reúnem e sinalizam coalizão por Scioli; candidatos mudam tática de campanha no segundo turno

“Os justicialistas [como também são chamados os peronistas], sobretudo os que votaram em Sergio Massa, têm que saber que Daniel [Scioli] não é Cristina [Kirchner]”. A recente declaração do ex-presidente peronista Eduardo Duhalde (2002-2003) em favor do candidato governista é a mostra de que a cena política argentina ganhou novas cores diante do inédito segundo turno da disputa presidencial.

Duhalde, que havia evitado se posicionar entre Massa e Scioli durante o primeiro turno, ressaltou em declarações dadas à imprensa nesta terça-feira (17/11) as qualidades do atual governador da província de Buenos Aires por “sua capacidade de diálogo com todo mundo” e pediu diretamente aos eleitores peronistas que “não se enganem: Scioli é aquilo de que precisamos, uma pessoa que pacifique e tranquilize [o país] depois desses 12 anos”.

Vanessa Martina Silva / Opera Mundi

‘Guerra de cartazes’ dos candidatos por toda Buenos Aires

A mesma tendência foi seguida por setores ligados ao ex-candidato à Presidência, também peronista, Sergio Massa, da Frente Renovadora. Na terça foi realizado um almoço no museu Evita Perón, em Buenos Aires, com dirigentes ligados tanto a Massa, como a Scioli.

A confraternização ocorreu devido ao chamado Dia da Militância. Do lado da Frente Renovadora estavam: o deputado Felipe Solá, que concorreu nas últimas eleições ao governo da província de Buenos Aires) e Ignacio de Mendigueren, deputado e ex-presidente da União Industrial Argentina. Do setor kirchnerista compareceram Cristina Álvarez Rodríguez, ministra de governo da província de Buenos Aires e sobrinha neta de Evita Perón; Jorge Taina, ex-chanceler (2005-2010) e deputado da Província de Buenos Aires; Fernando “Chino” Navarro, odeputado da província de Buenos Aires e integrante do Movimento Evita, e Juan Pablo Cafiero, ex-embaixador argetino no Vaticano.

Vanessa Martina Silva / Opera Mundi

Movimento peronista 26 de julho se mobiliza em prol de Daniel Scioli

Para Mendiguren, a presença de sciolistas e massistas no almoço demonstra que “a Argentina que vem é de diálogo. Apesar das diferenças com o governo, o almoço inaugurou um trabalho conjunto de ambos os espaços no Congresso a partir da incorporação por parte de Scioli de algumas propostas de Massa”, ressaltou o deputado.

‘Não voto em branco’

Diante do chamado de setores da esquerda para anular o voto, Solá ressaltou: “não vou votar em branco”. “Para alguns peronistas é difícil votar no candidato do Cambiemos [Macri]. Apesar de os dirigentes não serem donos dos votos [de 5 milhões de argentinos obtidos por Massa no primeiro turno] desejo que a Argentina no futuro tenha trabalho, produção e cresça”, disse para depois concluir: “quero um peronismo unido”.

Chino Navarro ressaltou ainda que se encontra com muitos eleitores da Frente Renovadora “que estão indecisos, mas a maioria deles me diz que vai votar em Scioli porque não querem o ajuste de Macri”.

“O peronismo tem que estar unido contra o ajuste e a desvalorização”, afirmou Rodríguez. Solá fez coro ao dizer que “Macri não pode responder as acusações de Scioli sobre suas intenções econômicas. Para mim, no debate foi feita uma acusação importante sobre o ajuste e a desvalorização e não foi respondida. Isso fica no ar e são temas importantíssimos para o futuro imediato da Argentina”, ressaltou.

Vanessa Martina Silva / Opera Mundi

Partidários de Mauricio Macri apostam na campanha colorida

Campanha dos candidatos

Nos últimos dias de campanha, Scioli tem percorrido o interior para tentar conquistar o voto de cerca de 11% dos eleitores que, segundo as últimas pesquisas, estão indecisos. Ele tem se reunido com setores industriais, comerciantes, aposentados e universitários para apresentar sua proposta de governo e tem criticado, de forma dura, os supostos planos econômicos neoliberais de Macri.

Mauricio Macri, que fez uma ampla jornada ao interior no primeiro turno e no começo do segundo turno, adota outra estratégia e tem dado atenção aos meios de comunicação, por meio de diversas entrevistas nos últimos dias. Durante as conversas com a imprensa, o candidato do Cambiemos tem negado que seu programa econômico seja baseado em ajustes e megadesvalorização da moeda e disse já sonhar com 10 de dezembro, quando terá em seu peito a faixa presidencial: “os fotógrafos vão brigar para ver quem capta o melhor momento. Sinto a mudança cada vez mais perto”, afirmou.

Nas ruas, há uma grande movimentação em torno de ambos os candidatos. Simpatizantes e militantes se revezam para distribuir panfletos e tentar convencer os indecisos: os cerca de 11% que vão de fato decidir a eleição já que as pesquisas, apesar de mostrar Macri à frente, divergem quanto à margem de vantagem do candidato opositor, variando de 3 a 11 pontos percentuais.

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