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quinta-feira, 28 março, 2024

Petrobrás e Equinor encontram indícios de hidrocarbonetos em Peroba e Carcará

Luciano Seixas Chagas*

O ano começa com importantes descobertas no pré-sal. A Petrobrás e a norueguesa Equinor comunicaram à Agência Nacional do Petróleo (ANP) que encontraram indícios de hidrocarbonetos, em Peroba e em Carcará. O primeiro campo é operado pela empresa brasileira, enquanto o segundo pertence à petroleira estrangeira.

No caso da descoberta em Peroba, ela foi feita em lâmina d’água de 2.235 metros, no poço 1-BRSA-1363-RJS. Além da Petrobrás, com 40% de participação, participam do consórcio que explora a área as empresas BP (40%) e a CNODC (20%). Peroba foi adquirida na 3ª rodada de licitações da ANP, em 2017. Os resultados de sua perfuração foram bem rápidos, já que a atividade começou há pouco mais de dois meses, em outubro de 2018.

Já a descoberta em Carcará foi feita em lâmina d’água de 2.025 metros, no poço 3-EQNR-1-SPS. O início da perfuração se deu em setembro do ano passado, com a sonda West Saturn. O poço fica na área de Norte de Carcará, arrematada por um consórcio liderado pela Equinor (40%), em conjunto com Exxon (40%) e Petrogal (20%).

Os interesses da norueguesa no Brasil não são novos. Em 2018, durante a feira ONS 2018, a Equinor anunciou que pretende investir mais de US$ 15 bilhões no país até o ano de 2030, com previsão de aumentar sua produção nacional para a casa dos 500 mil barris até lá. De acordo com a empresa, o Brasil foi escolhido como uma das três áreas centrais em termos de negócios nos setores de óleo e gás e energia renovável.

O Comentário, por Luciano Seixas Chagas*

Como vaticinamos, com base em dados absolutamente técnicos, o poço de Carcará Norte confirmará a imensa coluna de mesmo tamanho de Carcará, da ordem de 400m de rochas microbiais com hidrocarbonetos, pois se trata da mesma acumulação, que, juntas, detêm mais de 4 bilhões barris de óleo equivalente (boe), de óleo recuperável com gás associado de imensos volumes.

Em Carcará, a Petrobrás, sob a égide de Pullen Parente e séquito, vendeu por preço de banana podre e, Carcará Norte, a Petrobrás deixou de exercer o direito de preferência de pelo menos 30% no ativo que tinha direito. Um absurdo!

Na minha experiência como técnico, de mais de 45 anos labutando com denodo na área, nunca vi tamanha negligência com o patrimônio da Petrobrás e portanto público, com prejuízos imensos e comprometimento de vultosas receitas futuras. Na época das negociações eu, aposentado, já não pertencia aos quadros da Petrobrás e atuava, como ainda hoje, na iniciativa privada, analisando negócios na área da exploração petrolífera. Tudo negociado (66%) por meros US$ 2,5 bilhões algo que, por valor de mercado, ainda subavaliado, valeria pelo menos US$ 6,6 bilhões. Um negócio da China para a Statoil e Galp e depois para a Exxon.

Curioso é que num País chamado Brasil, e agora sob novo governo ou tutela, a diretora de exploração, a senhora Solange Guedes, que concordou com o negócio, é mantida no cargo e o novo presidente da empresa, na época do CA, aprovou o negócio ou pelo menos opinou sobre a sua venda. Sem quaisquer discursos nacionalistas e apenas analisando o negócio, pergunto a todos. Foi uma boa venda? Tudo que vaticinei está ocorrendo, apesar dos desmentidos quando fiz as afirmações. O mote era: Foi um bom negócio. Pergunto: Foi?!

Os indícios anunciados em Carcará Norte nada mais são que algo exaustivamente expectado pois se trata de uma continuidade da acumulação Carcará. Também a descoberta de Guanxuma, incluída na venda de Carcará, no BM-S-8, com pelo menos 600 milhões de barris de óleo equivalentes recuperáveis, permanece com os dados mantidos em sigilo, apesar da descoberta ter sido comunicada. O que dizem a ANP e o Consórcio proprietário sobre o assunto?

Resta o consolo de que no mesmo trend ou alinhamento petrolífero de elevado potencial, a Petrobrás apesar de perder a licitação, exerceu o direito de possuir os 30% de participação no bloco exploratório de nome Uirapuru, de mesma potencialidade. Aos poucos a Petrobrás é desmilinguida e nós, que nos opomos ao “negócio”, somos adjetivados de ideológicos. O nome é outro, não?

*Luciano Seixas Chagas é geólogo, aposentado da Petrobrás

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