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terça-feira, 16 abril, 2024

TEMER REVOGA O GRITO DO IPIRANGA

Zé Miro*

Em meio a intensa campanha contra a existência de brasileiros sem conta no exterior superior ao milhão de dólares, o canal de televisão, órgão oficial dos interesses estrangeiros no Brasil (intensa disputa), anuncia: coxinhas e não coxinhas devem muito e a todos os banqueiros.

Leiamos: Brasileiros gastam mais com juros do que com saúde e educação. Entre 2013 e 2016, a taxa média efetiva de juros passou de 42,9% para 59,2%. Publicação comunista? Petista? Nada disso, estudo “Juros e Inadimplência no Brasil 2014-2016” da altamente suspeita FECOMÉRCIO-SP, talvez, como o Donald Trum, recebendo o ouro de Moscou.. A origem dos dados não poderia ser mais altamente suspeita: um órgão público, o Banco Central do Brasil que, como todos sabem, é rigoroso fiscal dos sempre probos e beneficentes bancos privados nesta Terra de Santa Cruz.

Mas isto não basta. É preciso aumentar a despesa em favor dos pobres ……… financistas, e o Banco Mundial, que prioritariamente atende às 46 famílias que dominam as finanças mundiais, determinou: fora previdência pública, que você paga pouco e também recebe pouco (salvo se for da turma daquele que grava promessa de assassinato).

Vamos acabar, ecoa Temer, com a previdência pública, que isenta os grandes sonegadores de qualquer represália, e todos vão contribuir para a previdência privada, que lhe fará morrer trabalhando, independentemente da idade. Oh! Glória!

E não bastasse este desaforo, que você leva na cara, deputados da Comissão da Educação (deve ser aquele dinheiro por fora dos donos de escola, já em mãos estrangeiras, ou por que se chamaria Comissão? Ou comichão, nos sentidos próprio e figurado?) mostram que só 14% dos alunos pobres conseguem aprender matemática. Índice que será considerado altíssimo após a passagem de Temer e seus Ministros.

Leio nas redes virtuais que são virtuosos os governos militares, os probos magistrados de hoje, ladrão mesmo só no PT e seus cúmplices, que alguns chamam de aliados: só podem ser comunistas.

No Jornal do Brasil sai a notícia que “as investigações do MPF mostram que o patrimônio de Sadala saltou de R$ 1,4 milhão, em 2007, para R$ 35,6 milhões em 2016”. Nem todos sabemos que o empresário Georges Sadala era um dos guardanapos na cabeça, em Paris, jantando com Sérgio Cabral e Fernando Cavendish.

Como ministros dos governos militares e também dos mandatos de FHC multiplicaram por muito mais seus trocadinhos, arduamente amealhados, vamos estudar um caso para antologia.

Corria o ano de 1999. Neste ano a inflação, medida pelo IPCA, esteve em 8,94%. Mas os juros Selic, sob a gestão de Armínio Fraga, Pedro Malan e FHC ficaram entre 18,87% a.a.(reunião de 06/10) e 44,95% a.a. (reunião de 04/03).

O caso que contarei é verídico. Soma ações de dois ministros que, preservando-me de ações, omito os nomes.

De família de classe média favorecida, ministro barnabé ou classe média não favorecida só com Lula ou Dilma, nosso ministro exemplar, de idade perto dos 50 anos, com alguma herança já recebida, tinha, como sai em extrato bancário, disponível para aplicações, 10 milhões de reais. Façamos, para pegar o tempo médio de nossas exemplares figuras, o câmbio de dois reais por dólar.

Logo nosso íntegro detinha cinco milhões de dólares. Não é muito dinheiro para estes 1% de brasileiros. É uma fortuna para nós, 99% restantes.

Pelos bons cargos ocupados e mais ainda no Ministério, ele era íntimo de empresários e banqueiros. E, em determinado dia, acordou com a ideia que as ações ABC e DEF eram ótimas aplicações. Como vimos a inflação era inferior a 9% e os juros estariam em torno de 25% a.a. Apenas como valores e tempos referenciais.

Ele compra ABC na baixa do dia: R$ 1,00 a ação e, idem idem para DEF a R$ 2,00. Comprou, da primeira, seis milhões de ações: R$ 6 milhões e da DEF dois milhões, R$ 4 milhões. Torrou toda poupança. Mas veja só a sorte do Ministro: quarenta dias depois a ABC estava, no máximo do dia, a R$ 5,00 e a DEF a R$ 6,00. Nosso afortunado passara de 10 milhões para 42 milhões de reais.

E, para mostrar que azar só tem filho de pobre, o dolar, pela ação do governo de impedir o avanço inflacionário, estava a par com o real. Isto mesmo R$ 1,00 valia 1 USD.

Logo, o felizardo, ao invés de 5 milhões de dólares, tinha, legalmente, 42 milhões de dólares. Mas ele não é bobo; recolheu o ganho de capital à Receita Federal, ficando com simples 37,2 milhões de dólares, que transferiu para duas contas na pátria do dólar.

Sabido como ele só, sacou que proteína animal era investimento de futuro e comprou uma baita fazenda no Texas ou no Arizona, por 100 milhões de dólares. Deu 35M USD de entrada e buscou nos amigos banqueiros o financiamento do restante. Por estes acasos, os papos com estes amigos já tinham permitido saber, com a devida antecedência, algumas decisões de governo que os deixaram ganhos 100 vezes maiores do que os empréstimos concedidos. E, incrivelmente, sem imposto para perturbar.

Os empréstimos só serviram para reduzir os impostos pois eram colocados nos devedores duvidosos e perdas operacionais nos bancos dos amigos. Assim, após um ano e pouco no Ministério, seus haveres passaram de USD 5 milhões para USD 100 milhões.

Pobre Sadala, levou 9 anos para crescer seu capital 25 vezes, sem descontar a inflação. Nosso ministro em menos de dois anos elevou em dólares seu disponível para aplicação 20 vezes. E não foi preso.

Honi soit qui mal y pense.

*Zé Miro é jornalista

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