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sábado, 20 abril, 2024

Trabalhistas tomam posse na Jamaica com ambiciosa agenda econômica

Havana (Prensa Latina) A Jamaica somou-se a alguns dos países do Caribe que apostaram em uma mudança de governo e nas recentes eleições deu à oposição a oportunidade de reger seus destinos à espera de melhoras socioeconômicas.

Em 25 de fevereiro passado, os habitantes da ilha terminaram com o mandato do Partido Nacional Popular (PNP) da agora ex-primeira ministra Portia Simpson-Miller e colocaram ao Trabalhista (JLP, por suas siglas em inglês) à frente do Executivo.

Essa força desbancou ao oficialismo ao ganhar 33 das 63 cadeiras da Câmara de Representantes e seu líder, Andrew Holness, assumiu como o novo governante do país.

Algumas pesquisas prognosticaram o triunfo do político, principalmente nos distritos marginais e entre a juventude, ainda que a maioria favorecessem à ex-primeira-ministra.

Os analistas atribuem a derrota de Simpson-Miller, única mulher que chega ao poder na Jamaica, às críticas contra seu gabinete por corrupção e negligencia no manejo de diversos assuntos.

Agora o PNP -de tendência socialista- ocupa a banca opositora com 30 postos, ou seja, 12 menos que os obtidos em 2011.

Holness nasceu em 21 de julho de 1972 e é graduado na Universidade das Índias Ocidentais na especialidade de administração. Foi eleito em 1997 deputado da Câmara baixa e dois anos depois encabeçou o comitê opositor de Terras e Desenvolvimento desse órgão.

Durante sua trajetória atuou como titular de Educação e em outubro de 2011 assumiu as rédeas do JLP e se converteu no primeiro-ministro mais jovem do país, depois da demissão de Bruce Golding, quem renunciou no meio do escândalo pela extradição do gangster Christopher “Dudus” Coke.

Mas não pôde reverter o baixo apoio ao seu partido e perdeu as eleições desse ano frente ao PNP de Simpson-Miller, a parlamentar mais veterana da ilha.

Na recente votação, Holness assegurou o triunfo do conservador JLP com uma campanha de 10 pontos sustentada, especialmente, em iniciativas econômicas que prometem impulsionar o crescimento e aumentar os investimentos estrangeiros.

Com esse fim, propõe-se reformar o Governo, multiplicar as alianças público-privadas, criar empregos, baixar os impostos, adotar um sistema tributário favorável para as empresas e promover o financiamento de pequenos e médios negócios.

Entre outros planos, também propõe a revitalização dos centros urbanos, a modernização da infraestrutura hidráulica, a digitalização dos arquivos estatais, dar maior facilidade aos trâmites empresariais por internet e converter a Jamaica no Silicon Valley do Caribe.

Mas a Holness não será fácil levar ao pé da letra sua agenda de prosperidade, pois o país tem uma dívida externa do 113% do Produto Interno Bruto e, segundo a agência de crédito MoodyÂ�s, está em risco de entrar em crise.

Além disso, suas políticas e iniciativas não devem discordar do Fundo Monetário Internacional, que exige a Kingston drásticos ajustes de despesas e mudança de empréstimos para cumprir com as obrigações públicas e o orçamento.

Esse órgão assinou um acordo com a ilha em maio de 2013 para entregar-lhe 932 milhões de dólares em quatro anos, mas a ilha deve introduzir medidas de austeridade.

O mandatário Trabalhista recebe uma nação com 1,1 milhões de pessoas que vivem na pobreza, o desemprego juvenil em 38% e uma alta taxa de criminalidade.

Também tem como desafio manter a ligeira recuperação econômica que conseguiu sua antecessora Simpson-Miller, que advertiu que desde a oposição não permitirá ao novo Executivo acabar com os lucros dos últimos anos.

De fato, reconheceu que a vitória eleitoral não era um “prêmio” e tudo dependerá de manter um gerenciamento responsável e transparente para preencher a cada uma de suas ofertas.

As eleições jamaicanas estiveram marcadas por uma baixa taxa de votantes, pois só participaram o 47,5% dos mais de 1,8 milhões de registrados.

*Chefa da Redação Centro-América e Caribe da Prensa Latina.

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