Havana, 27 mar (Prensa Latina) A posse do presidente estadunidense, Donald Trump, em 20 de janeiro passado, provocou um ambiente de incerteza global, devido a controversas projeções do presidente na política doméstica e exterior.
Diante dessa realidade, os governos de América Latina e Caribe coordenam esforços para enfrentar os novos perigos.
Ao assumir na Casa Branca, a promessa de revisar o Tratado de Livre Comércio de América do Norte (Tlcan), assinado em 1994 com Canadá e México, e a decisão de construir um muro na fronteira com este último país, criaram temores bem fundados, devido à ameaça que todas essas ações representam para a estabilidade regional.
Se algo bom provocaram essas projeções ultranacionalistas, segundo analistas, é que tendem a estimular a unidade das nações ao Sul do Rio Bravo, como única opção viável.
Desde que Trump assumiu a presidência, as nações latino-americanas e caribenhas mobilizaram-se e realizaram quase uma dezena de reuniões importantes, tanto ao máximo nível como de especialistas e altos servidores públicos.
Entre outros eventos esteve a XXII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Associação de Estados do Caribe, -celebrada em Havana em 10 de março- entidade que congrega vinte nações hispano, anglo e francoparlantes, e inclui o México e estados centro-americanos.
A isto se soma a reunião de cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom) que teve lugar em 16 e 17 de fevereiro em Georgetown, Guiana, e marcou as posições de seus integrantes com respeito ao comércio e as relações em geral no Continente, diante da nova conjuntura política.
Em janeiro passado teve lugar na República Dominicana a V Cúpula da Comunidade de Estados de América Latina e Caribe (Celac), ocasião em que os Governos da região abordaram também o tema ao máximo nível.
A Celac, organização da qual está excluído Estados Unidos, foi fundada em 2011 em Caracas, Venezuela, para agrupar às nações da região,contra o desprestígio da Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo secretário geral, Luis Almagro, é desde que assumiu o cargo, um dos principais instrumentos para a implementação da política de Washington.
ALERTA SOBRE PROTECIONONISMO COMERCIAL EXTREMO
Outro evento importante celebrado neste ano foi a XIV Cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) em Caracas, Venezuela, em 5 de março passado, em ocasião do quarto aniversário da morte do presidente Hugo Chávez Frias.
Na reunião, os dirigentes latino-americanos e caribenhos deixaram clara sua preocupação pelos novos ventos que correm, assunto abordado com extrema clareza por vários participantes no foro.
Nessa ocasião, o presidente cubano, Raúl Castro, expressou que estamos em um momento crucial de nossa história no qual uma regreção regional teria um impacto muito negativo em nossos povos.
‘A nova agenda do governo dos Estados Unidos ameaça com desatar um protecionismo comercial extremo e egoísta que impactará a competitividade de nosso comércio exterior; vulnerabilizará acordos ambientais para favorecer os rendimentos das multinacionais; perseguirá e deportará migrantes gerados pela desigual distribuição da riqueza e o crescimento da pobreza que provoca a ordem internacional imposta’, acrescentou Raúl.
O presidente Raúl também destacou que ‘o muro que se pretende levantar na fronteira norte de México é uma expressão dessa irracionalidade, não só contra este fraterno país, mas contra toda nossa região’. Ponderou que a nova administração em Washington parece coincidir com a anterior na ‘necessidade’ de manter a política de subversão contra os governos do área que desafiam as ambições hegemônicas de Washington.
De qualquer maneira as mais recentes reuniões e foros multilaterais na América Latina e Caribe, bem como as posições de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, entre outros, parecem ir na direção correta para enfrentar a nova ofensiva da Casa Branca, conformada por medidas de pressão políticas e diplomáticas, sem descartar a ameaça do uso da força.(Tomado de Semanário Ã’RBITA).