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quinta-feira, 25 abril, 2024

TRUMP X HILLARY: ENTRE O PIOR E O PÉSSIMO

Cesar Fonseca
O desenrolar da campanha está mostrando que Trump vai assumindo posições de Bernie Sanders, nacionalista, populista, democrata, que perdeu para Hillary indicação na disputa pela Casa Branca.
Moralmente, o todo poderoso empresário é um sujeito meio desprezível.
A posição dele relativamente aos costumes mundanos é nojenta: demagogo, racista, machista, inescrupuloso, homofóbico, ladrão(rouba imposto!) etc.
Mas, quer fechar a América para os americanos.
Retrógrado ou realista?
Comparado aos golpistas brasileiros, que querem entregar, de bandeja, o Brasil para os Estados Unidos, é progressista.
Os colonizados da América do Sul, os que estão no poder e sua mídia golpista, seguem a opinião do poder midiático americano, a voz do Pentágono, de Wall Street, vocalizadas pelo New York Times, Washington Post, Wall Street Journal, CNN etc.
É a turma que vive da guerra e da especulação.
Hillary é a preferida deles.
Ela riu, escancaradamente, diante da execução brutal do nacionalista Kadafi pelos petroleiros da sete grandes, ajudados pelos mercenários, Pentágono, CIA etc.
Tem as mãos sujas de sangue.
Se pudesse, executaria, também, Trump.
O que Trump critica?
Tem muito dólar americano espalhado pelo mundo.
Isso animou negócios por toda a parte que acabaram fazendo concorrência a Tio Sam.
O mesmo aconteceu com Inglaterra no século 19.
Junto com a libra, vieram os empréstimos para as ferrovias, garantidos pelos governos, pelas quais transitavam pelo mundo as mercadorias manufaturadas inglesas.
De repente, pintou concorrência.
Todo mundo aprendeu a fazer as máquinas inglesas.
Empresários no Brasil, na Argentina, na China, na Coreia, Japão, Índia, Estados Unidos, principalmente, estavam copiando produtos ingleses.
Pior negócio do mundo para a Ilha toda poderosa, que, no século 20, perderia hegemonia para o dólar, depois da primeira guerra mundial.
Trump quer dar um tranco nesse movimento.
Mas não tem muito cacife para puxar taxa de juros, a fim de deslocar a moeda de volta para casa.
Endividados, os Estados Unidos entrariam em estresse, se enxugassem os dólares do mundo.
O BC(FED)fala em fazer isso.
Só fala.
Mas, não executa.
Vive de assustar o mundo.
Tio Sam virou fantasma.
O mundo perdeu medo de fantasmas.
A China e os asiáticos em geral tomaram o mercado de automóveis dos americanos.
Os chineses atraíram investidores americanos com incentivos e juros baixos com compromisso de exportação da produção, especialmente, para os Estados Unidos.
Europa virou supermercado chinês e asiático.
As indústrias foram sucateadas.
Saiu do controle o desemprego, tanto na Europa, como nos Estados Unidos, graças à concorrência, produzida pela expansão das emissões monetárias americanas, depois do pós guerra, para salvar os europeus e japoneses derrotados no conflito.
Trump está sob pressão dos industriais e dos agricultores e, claro, dos desempregados, aos quais promete uma América forte, nacionalista.
Se bobear, Brasil e Argentina tomam o mercado de grãos e carne dos Estados Unidos no mundo.
Os agricultores brasileiros, favorecidos por sol, água, terra abundantes, podem produzir até três safras anuais, graças à irrigação, 400 milhões de toneladas ano, mole, mole.
Arrebentaria com a concorrência.
Sobram petróleo e minério para exportar para China, que os utiliza na manufatura tocada pela ciência da tecnologia e da computação para dominar mercado americano, na área de software, celulares, computadores, a chamada nova tecnologia 4.0, que dispensa trabalhadores.
O discurso de Trump, protecionista, avança e pode ganhar eleição, embora não se possa acreditar no que faria, como, por exemplo, puxar os juros para diminuir a concorrência mundial com repatriação de dólar para os Estados Unidos.
Já pensou se os Estados Unidos tivessem o nióbio, que os tucanos entregaram para os colonizadores!
Trazer de volta soldados americanos alojados nas 800 bases militares americanas espalhadas pelo globo terrestre?
Nem pensar!
O filho que volta para a casa dos pais cheio de filhos, quebrado, só dá problema.
É quando mãe vomita filho.
Dar mamadeira para marmanjo?
Os juros zero ou negativos, no momento, servem, justamente, para segurar a dívida pública americana e impedir colapso do setor produtivo.
Se já perdeu mercado para os asiáticos, se subir juro, quebrando, por meio do estouro financeiro, aí que a vaca vai, mesmo, para o brejo.
A força do dólar acabou.
Os movimentos do passado não podem mais ser realizados com sucesso.
Obama não repetiria algo semelhante ao que Nixon fez em 1971: descolar o dólar do ouro e deixar a moeda flutuar, por conta do avanço do déficit público, acumulado na guerra fria, para combater comunismo soviético.
O exemplo é a impossibilidade de puxar os juros para enxugar excesso de liquidez.
Nixon, naquele tempo, espalhou, por meio dos bancos americanos e ingleses, dólar a 4% de juro ao ano para pessoas físicas e privadas.
Cinco anos depois, o BC americano, com Paul Volcker, puxou as taxas para 21,5%.
Quebrou o mundo.
Inaugurava-se a colonização financeira econômica global, nova forma de sobreacumulação de capital especulativo, no rastro da destruição das periferias, por meio das expansões monetárias.
O contrapolo desse movimento financeiro imperial na America do Sul foi o renascimento do nacionalismo que agora volta a submergir com o império interferindo na democracia sul-americana, virando o jogo a favor dos golpistas, com apoio do judiciário, do parlamento e, claro, da mídia.
Nesse contexto, Trump quer a rapinagem do que tiver de ser rapinado para os americanos por meio do protecionismo.
Hillary, ao contrário, quer a concentração ainda maior do capital financeiro, os acordos comerciais que eliminem os estados na gerência da OMC, a liberação geral das regras nas trocas internacionais e a guerra, para consolidar posições.
Trump duvida que isso vá dar certo e lembra que se trata de mais aumento de gastos para um dólar já fraco para sustentar tanto peso, principalmente, no sentido de financiar a Europa, a OTAN, para conseguir destruir a Rússia de Putin etc.
Certamente, Trump e Hillary combinam num ponto: destruir a periferia capitalista para acabar com a concorrência.
Nesse sentido, ambos estão com o governo Temer e sua PEC 241, aprovada na Câmara, encaminhada ao Senado como PEC 55, de efeito devastador para o capitalismo tupiniquim.
Congelando o maior concorrente dos americanos na América do Sul por vinte anos, destruindo seu mercado interno, inviabilizando investimentos por falta de mercado consumidor, mantendo, por aqui, os juros mais altos do mundo, para os especuladores americanos virem, ganharem sem fazer força e retornarem com a burra cheia, repatriando capital, eis o melhor do mundo para os sobrinhos de Tio Sam.
Como Hillary e Trump deixariam de apoiar os golpistas de Temer, que trabalham para destruir a economia brasileira?
Fica a pergunta no ar: entre Hillary e Trump, quem seria melhor para os interesses do Brasil?
Hillary é a guerra, a destruição, o poder centralizado das grandes corporações, a oligopolização geral do comércio  em mãos de uma minoria, destruição da OMC etc.
Trump seria ou não o menos ruim, porque quer dialogar com Putim, quer evitar a guerra, que não teria vencedores, o que, aliás, desejam os falcões do Pentágono, para que a guerra nunca tenha fim?
Eis como se eterniza o ESTADO INDUSTRIAL MILITAR NORTE-AMERICANO, assim denominado, em 1960, pelo general Eisenhower.
Com Trump, o mercado americano fecharia para produtos brasileiros, continuaria a agressividade contra as propriedades nacionais, o assalto imperialista etc.
Porém, despertaria o contrapolo: protecionismo americano incentivaria apelo ao mercado interno brasileiro, que já tem condições de ser competitivo no mundo.
Lula mostrou que com melhor distribuição de renda e mercado interno fortalecido dá para sair na disputa.
Entre o pior e o péssimo, o pior seria ou não o melhor?
No reinado da intriga imperial

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