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quinta-feira, 25 abril, 2024

Túnel outra vez sem luz

 “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantidomediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rederegionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

 I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

 II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

 III – participação da comunidade.

  • 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195,  com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dosEstados, do Distrito    Federal e dos Municípios, além de outras fontes.”
Pedro Augusto Pinho

                         (Constituição Federal de 1988)

Pedro Augusto Pinho*
A liberdade do indivíduo é defendida por todos, ao menos nos discursos, sejam libertários ou escravagistas. Mas para que ela seja efetiva é necessário que todas as pessoas tenham efetiva condição de exercê-la, isto é, não devam favor ou obrigações a outras. O acesso universal e igualitário à educação e à saúde é uma das condições da liberdade. Tratarei deste último; dando minha experiência pessoal das condições atuais e das perspectivas sombrias que nos ameaça o governo golpista que se instalou no País.
Em março deste ano, quanto a Agente de Saúde, do Centro Municipal de Saúde (CMS), também designado Clínica da Família, da área de jurisdição de minha residência, CMS Píndaro de Carvalho Rodrigues, veio realizar visita de acompanhamento a nossa empregada, hipertensa e idosa, me informei sobre o atendimento e condições de ingresso no Sistema Único de Saúde (SUS).
Aposentado, diabético, com crescentes aumento nos preços dos remédios e exames para controle da doença, resolvi me inscrever no SUS. Em 3 de maio dirigi-me ao CMS referido. Fui atendido com presteza e eficiência; soube que antes de marcar uma consulta haveria a comprovação da residência. As unidades tem jurisdições para definição de sua clientela, o que é um modo de promover melhor atendimento e conhecimento das realidades locais. Em poucos dias recebi a visita da Agente de Saúde e em 27 de maio, sexta-feira, fui ao CMS marcar consulta. Dia 31 de maio, às 15:20h, conforme estava marcado, fui recebido pela médica que por cerca de uma hora fez o exame clínico e obteve informações sobre minhas condições e histórico de saúde. Receitou os remédios que já usava, deu-me uma tabela para o controle diário da glicemia e solicitou exames, que foram realizados na mesma unidade.
Com a receita obtive na Farmácia, localizada nas mesmas instalações, todos os remédios, aparelho, lancetas e tiras para determinação da glicose e seringas para aplicação da insulina. Foi marcada a próxima consulta para 16:40h de 17 de agosto. Quando realizei os exames, perguntei se deveria retornar para receber os laudos. Disseram-me que eles estariam no sistema, com todas as demais informações para o conhecimento da médica. Mas os recebi impressos em minha casa.
Nesta segunda consulta, foi repetida a medicação e marcada a nova consulta de acompanhamento para 5 de dezembro.
Tinha um problema dentário, aproveitei a ida ao CMS Píndaro de Carvalho Pinheiro para solicitar o exame do dente dolorido. Fui atendido no mesmo dia, marcada uma limpeza e me comunicaram que, em razão de ser diabético, a dentista e a médica se entenderiam sobre o tratamento dentário, mas foi feito um tratamento preliminar para suavizar o desconforto.
Este verdadeiro primeiro mundo, objeto da vontade política dos governos destes últimos 14 anos, está em vias de desaparecer pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 do governo que se apossou do País. Pela Emenda os recursos do SUS, como os destinados à educação, serão reduzidos nos próximos 10 anos. O objetivo que nem mesmo está oculto na proposta é substituir o sistema público por planos privados de saúde. Ou seja, para os maiores ganhos do sistema financeiro.
O Brasil que se constituía em favor da liberdade se transforma no país da escravidão, da dívida, da opressão e dos interesses estrangeiros. Tentam apagar novamente a luz da esperança neste nosso túnel.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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